A mulher bruxa no mundo do era uma vez e a reprodução histórica da dominação sobre o gênero feminino

Autores

  • Edilane Abreu Duarte
  • Nancy Rita Ferreira Vieira

DOI:

https://doi.org/10.5016/ridh.v9i1.39

Palavras-chave:

Bruxa, Gênero, Literatura infantil, Mulher

Resumo

O artigo em tela é parte da tese de doutoramento em andamento no Programa de Pós-graduação em Literatura e Cultura, da Universidade Federal da Bahia e traz uma abordagem acerca da personificação da mulher bruxa como a representação da metáfora do mal nos contos de fadas tradicionais. Faz-se, para tanto, uma explanação inicial acerca da vinculação da figura da mulher ao mal, especialmente na Idade Média e início da Idade Moderna, no período conhecido como o de “caça às bruxas”, em que as mulheres serviram de bode expiatório às perseguições e mortes. Na construção da imagem da mulher bruxa há, então, a reprodução histórica da dominação sobre o gênero feminino. Personagem que sempre foi repugnada e segregada; imagem negativa que muitas vezes se perpetua sem que sejam desvelados os discursos de poder que provêm da supremacia masculina. A revisão teórica focaliza as teorias relacionadas aos estudos de gênero e de literatura infantil, perpassando pelos aspectos históricos, tais como Bruno Betelheim (1981), Judith Butler (2010), Robert Darnton (1986), Silvia Federici (2017), Michel Foucault (1996), (1999),( 2003), Guacira Louro (1997), Linda Nicholson (2000) e Scott Joan (1995), que dão subsídio à análise da reificação e perpetuação da imagem da mulher bruxa como metáfora do mal.

 

La bruja en el mundo érase una vez y la reproducción histórica de la dominación feminina

El artículo en cuestión forma parte de la tesis doctoral en curso en el Programa de Posgrado en Literatura y Cultura, de la Universidad Federal de Bahía y aporta un acercamiento sobre la personificación de la bruja como la representación de la metáfora del mal en el cuentos de hadas tradicionales. Por tanto, se hace una primera explicación sobre la conexión de la figura de la mujer con el mal, especialmente en la Edad Media y el inicio de la Edad Moderna, en el período conocido como la “caza de brujas”, cuando las mujeres servían de chivo expiatorio. muerte. En la construcción de la imagen de la bruja se encuentra, entonces, la reproducción histórica de la dominación sobre el género femenino. Carácter que siempre ha estado disgustado y segregado; Imagen negativa que muchas veces se perpetúa sin desvelar los discursos de poder que provienen de la supremacía masculina. La revisión teórica se centra en las teorías relacionadas con los estudios de género y la literatura infantil, pasando por los aspectos históricos que sustentan el análisis de la cosificación y perpetuación de la imagen de la bruja como metáfora del mal.

Palabras clave: Bruja. Género. Literatura infantil. Mujeres.

 

The witch woman in the once upon a time world and the historical reproduction of female domination

The article in question is part of the doctoral thesis in progress in the Graduate Program in Literature and Culture, at the Federal University of Bahia and brings an approach about the personification of the witch woman as the representation of the metaphor of evil in the tales of traditional fairies. Therefore, an initial explanation is made about the connection of the figure of women to evil, especially in the Middle Ages and the beginning of the Modern Age, in the period known as the “witch hunt”, when women served as scapegoats. persecution and death. In the construction of the image of the witch woman, there is, then, the historical reproduction of domination over the female gender. Character who has always been disgusted and segregated; negative image that is often perpetuated without unveiling the discourses of power that come from male supremacy. The theoretical review focuses on theories related to gender studies and children’s literature, going through the historical aspects that support the analysis of reification and perpetuation of the image of the witch woman as a metaphor for evil.

Keywords: Children’s literature. Genre. Witch. Women.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Edilane Abreu Duarte

Mestrado em Literatura e Diversidade Cultural pela Universidade Estadual de Feira de Santana, Brasil. Professora Assistente da Universidade do Estado da Bahia. Doutorado em andamento em Literatura e Cultura Universidade Federal da Bahia, UFBA, Brasil.

Nancy Rita Ferreira Vieira

Doutorado em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia. Professora Adjunta III da Universidade Federal da Bahia, Brasil.

Referências

ANDERSEN, Hans Christian. Contos de Hans Christian Andersen. Trad. Silva Duarte. São Paulo: Paulinas, 2011.

BETELHEIM, Bruno. A psicanálise dos contos de fadas. 6. ed. São Paulo: Ática, 1981.

BUTLER, Judith. Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Trad. Renato Aguiar. 3. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.

BUTLER, Judth. Judith Butler escreve sobre sua teoria de gênero e o ataque sofrido no Brasil. Folha de São Paulo. Trad. Clara Allain. Edição de 19 de nov. 2017. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrissima/2017/11/1936103-judith-butler-escreve-sobre-o-fantasma-do-genero-e-o-ataque-sofrido-no-brasil.shtml. Acesso em: 16 de nov. 2017.

DARNTON, Robert. O grande massacre de galos, e outros episódios da história cultural francesa. Trad. Sonia Coutinho. Rio de janeiro: Graal, 1986.

FEDERICI, Silvia. Calibã e a bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva. Trad. Coletivo Sycorax. São Paulo: Elefante, 2017.

FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no College d’e France,

pronunciada em 2 de dezembro de 1970. Trad. Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Edições Loyola, 1996.

FOUCAULT. Michel. Em defesa da sociedade: curso no College de France (1975-1976). São Paulo: Martins Fontes, 1999.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. 18. ed. Rio de Janeiro: Edições Graal, 2003.

GRIMM, Jacob GRIMM Wilhelm. Contos de fadas: obra completa. Trad. David Jardim Júnior. Rio de Janeiro: Editora Itatiaia, 2000.

GONÇALVES, Jaqueline. Neopentecostais torturam índios por questões religiosas no Mato Grosso do Sul: mulheres são chamadas de bruxas e feiticeiras por grupo recém-convertido. Revista Fórum, 2019, s/p. Disponível em: https://revistaforum.com.br/noticias/neopentecostais-torturam-indios-por-questoes-religiosas-no-mato-grosso-do-sul/. Acesso em: 5 out. 2020.

LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis: Vozes, 1997.

MEIRELES, Maurício. Damares inspira caça a bruxas e seres mágicos na literatura infantil. Folha de São Paulo. Edição de 26 de julho de 2019. Disponível em: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2019/07/bruxas-gnomos-e-seres-magicos-de-livros-infantis-entram-na-mira-de-religiosos.shtml. Acesso em: 10 ago. 2019.

NICHOLSON, Linda. Interpretando o Gênero. Estudos feministas, ano 8, n. 2, p. 09-41, 2000. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/issue/view/31. Acesso em: 25 mai. 2021.

PERRAULT, Charles. Contos de Charles Perrault: A bela adormecida no bosque. Tradução Fernanda Lopes de Almeida. São Paulo: Ática, 1998.

REIS, Toni; EGGERT, Edla. Ideologia de gênero: uma falácia construída sobre os planos de educação brasileiros. Educ. Soc., Campinas, v. 38, n. 138, p. 9-26, jan.-mar, 2017. Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/es/v38n138/1678-4626-es-38-138-00009.pdf. Acesso em: 11 out. 2020.

SCOTT, Joan W. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação & Realidade. Porto Alegre, v. 20, n. 2, jul./dez., p. 71-99, 1995.

SILVA, Vera Maria Tiezmann. Literatura infantil brasileira: um guia para professores e promotores de leitura. 2. ed. Goiânia: Cânone Editorial, 2009.

ZORDAN, Paola Basso M. B. Gomes. Bruxas: figuras de poder. Revista Estudos Feministas, Rio de Janeiro (RFRJ), v. 13, n. 2, maio-agosto, p. 331-341, 2005. Disponível em: https://periodicos.ufsc.br/index.php/ref/article/view/S0104-026X200500020007/7827. Acesso em: 14 set. 2019.

Downloads

Publicado

25.06.2021

Como Citar

DUARTE, E. A.; VIEIRA, N. R. F. A mulher bruxa no mundo do era uma vez e a reprodução histórica da dominação sobre o gênero feminino. Revista Interdisciplinar de Direitos Humanos, Bauru, v. 9, n. 1, p. 71–89, 2021. DOI: 10.5016/ridh.v9i1.39. Disponível em: https://www2.faac.unesp.br/ridh3/index.php/ridh/article/view/39. Acesso em: 27 jul. 2024.

Edição

Seção

Dossiê