Experimentação com Embriões, Eugenia e Dignidade Humana

O Pensamento de J. Habermas

Autores

  • Anderson M. R. Alves Universidade Católica de Petrópolis

DOI:

https://doi.org/10.5016/ridh.v11i1.230

Palavras-chave:

Habermas, Natureza humana, Diagnóstico Genético de Pré-implantação (DGPI)

Resumo

Resumo: Aborda o pensamento de Habermas, expresso na obra “O Futuro da Natureza Humana”, especialmente a questão do Diagnóstico genético de pré-implantação (DGPI) à luz das premissas do Estado constitucional de direito. Habermas distingue “eugenia positiva” e “negativa”, e classifica os casos contemplados por ambas. O autor considera um risco surgido com a engenharia genética atual: que a diagnose pré-implante e a experimentação com embriões ultrapassem os limites de uma “genética passiva”, deixando de ser terapêutica e clínica, e se torne “realmente eugênica”, ou seja, finalizada à constituição, promoção e defesa da vida do mais forte. O autor se questiona se seria compatível com a dignidade da vida humana gerar indivíduos como reservas e selecionar quem é digno de viver, em base a um teste genético. Depois de passar pelos pontos mais significativos da obra, o artigo apresenta as principais conclusões de Habermas: uma intervenção genética melhorativa no embrião seria imoral, pois objetivaria a natureza humana e violaria a liberdade do nascituro, visto que não seria possível pressupor o seu consentimento a tais mudanças; uma alteração genética “melhorativa” deixaria “muda” e fixada geneticamente as preferências dos pais, assim como o implícito plano de vida deles para o filho com o genoma manipulado; aceitar a genética melhorativa levaria à renúncia à moralização da natureza humana, à autonomia das futuras gerações e ao direito de decidir sobre si mesmas, gerando novas desigualdade entre os homens devido ao seu nascimento; a autonomia, a igualdade e a “liberdade-de-serem-si-mesmos” são fundamentos da modernidade e do Estado liberal, e tudo isso é ameaçado pela eugenia positiva.

 

Experimentación con Embriones, Eugenesia y Dignidad Humana: el pensamiento de J. Habermas.

Resumen: Aborda el pensamiento de Habermas, expresado en la obra “El Futuro de la Naturaleza Humana”, en especial el tema del Diagnóstico Genético Preimplantacional (DGP) a la luz de las premisas del Estado Constitucional de Derecho. Habermas distingue entre eugenesia “positiva” y “negativa”, y clasifica los casos contemplados por ambas. El autor considera un riesgo derivado de la ingeniería genética actual: que el diagnóstico preimplantacional y la experimentación con embriones superen los límites de la “genética pasiva”, dejando de ser terapéutica y clínica, para convertirse en “realmente eugenésica”, es decir, dirigida a la constitución, promoción y defensa de la vida del más fuerte. El autor cuestiona si sería compatible con la dignidad de la vida humana generar individuos como reserva y seleccionar aquellos que son dignos de vivir, a partir de una prueba genética. Después de recorrer los puntos más significativos del trabajo, el artículo presenta las principales conclusiones de Habermas: una intervención genética mejoradora en el embrión sería inmoral, ya que cosificaría la naturaleza humana y violaría la libertad del feto, ya que no es posible presuponer su consentimiento a tales cambios; una alteración genética de “mejora” dejaría “cambiadas” y fijadas genéticamente las preferencias de los padres, así como su plan de vida implícito para el hijo con el genoma manipulado; aceptar la mejora genética llevaría a renunciar a la moralización de la naturaleza humana, a la autonomía de las generaciones futuras y al derecho a decidir sobre sí mismas, generando nuevas desigualdades entre los hombres por razón de su nacimiento; la autonomía, la igualdad y la “libertad de ser si mismos” son fundamentos de la modernidad y del Estado liberal, y están amenazados por la eugenesia positiva.

Palabras clave: Habermas. Naturaleza humana. Diagnóstico Genético Preimplantacional (DGP).

 

Experimentation with Embryos, Eugenics and Human Dignity: The Thought of J. Habermas.

Abstract: It deals with Habermas’ thought, expressed in the work “The Future of Human Nature”, especially the issue of Preimplantation Genetic Diagnosis (PGD) in the light of the premises of the Constitutional State of Law. Habermas distinguishes between “positive” and “negative” eugenics, and classifies the cases contemplated by both. The author considers a risk arising from current genetic engineering: that pre-implantation diagnosis and experimentation with embryos go beyond the limits of “passive genetics”, ceasing to be therapeutic and clinical, and becoming “really eugenic”, that is, aimed at the constitution, promotion and defense of the life of the strongest. The author questions whether it would be compatible with the dignity of human life to generate individuals as reserves and select those who are worthy of living, based on a genetic test. After going through the most significant points of the work, this paper presents the main conclusions of Habermas: an improving genetic intervention in the embryo would be immoral, since it would objectify human nature and violate the freedom of the unborn child, since it would not be possible to presuppose his consent to such changes; an “improvement” genetic alteration would leave the parents’ preferences “changed” and genetically fixed, as well as their implicit life plan for the child with the manipulated genome; accepting improvement genetics would lead to renouncing the moralization of human nature, the autonomy of future generations and the right to decide about themselves, generating new inequalities among men due to their birth; autonomy, equality and “freedom-to-be-themselves” are foundations of modernity and the liberal state, and all of these are threatened by positive eugenics.

Keywords: Habermas. Human nature. Preimplantation Genetic Diagnosis (PGD).

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Biografia do Autor

Anderson M. R. Alves, Universidade Católica de Petrópolis

Doutor em Filosofia pela Pontifícia Università della Santa Croce, Roma. Professor adjunto do curso de graduação em Filosofia e do Programa de Pós-graduação em Educação, na Universidade Católica de Petrópolis.

Referências

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Publicado

16.06.2023

Como Citar

M. R. ALVES, A. Experimentação com Embriões, Eugenia e Dignidade Humana: O Pensamento de J. Habermas. Revista Interdisciplinar de Direitos Humanos, Bauru, v. 11, n. 1, p. 51–66, 2023. DOI: 10.5016/ridh.v11i1.230. Disponível em: https://www2.faac.unesp.br/ridh3/index.php/ridh/article/view/230. Acesso em: 5 nov. 2024.

Edição

Seção

Dossiê