Rio Grande do Sul e o ecossistema da desinformação

narrativas sobre a crise climática

Autores

DOI:

https://doi.org/10.5016/pzggry12

Palavras-chave:

Análise de Conteúdo, Crise climática, Ecossistema da desinformação

Resumo

Este estudo exploratório analisa o conteúdo desinformativo que circulou, no Brasil, acerca da tragédia climática do Rio Grande do Sul, em maio de 2024. Para isso, utiliza o modelo do ecossistema da desinformação de Wardle (2017). Seguindo essa proposta teórica, identifica as principais narrativas desinformativas, os agentes propagadores de desinformação e os canais de disseminação mais utilizados. O primeiro aspecto é detalhado também a partir da Análise de Conteúdo, conforme Bardin (2011). O corpus é composto por 39 conteúdos checados pelas agências de fact-checking Agência Lupa e Aos Fatos. A pesquisa discute a relação entre crise e desinformação. Revela que, no caso do Rio Grande do Sul, há predominância de narrativas que minimizam ou negam a ocorrência de mudanças climáticas, frequentemente associadas a interesses políticos e econômicos.

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Biografia do Autor

  • Thiago Henrique de Jesus-Silva, Universidade Federal do Ceará (UFC)

    Doutorando em Comunicação pela Universidade Federal do Ceará (PPGCOM/UFC). Mestre em Comunicação pela Universidade Federal do Piauí (PPGCOM/UFPI), sendo bolsista CAPES. Autor do livro "Bolsonaro e a COVID-19: desmascarando a desinformação", pela EDUFPI; e dos manuais "Arriégua! Ói as Fake News: Manual de Checagem" e "Ê caroço as fake news: Manual de checagem nortista". Integrante do grupo de pesquisa Jornalismo, Mídia, História e Poder - JOMIHIP; do Núcleo de Estudos e Pesquisas em Estratégias de Comunicação (NEPEC/UFPI) e do Laboratório de pesquisas em Economia, Tecnologia e Políticas de Comunicação (TELAS/UFC). Componente também da COAR (iniciativa de fact-checking no Nordeste), que faz parte da Rede Nacional de Combate à Desinformação (RNCD). Bacharel em Jornalismo pelo Centro Universitário de Ciências e Tecnologia do Maranhão - UNIFACEMA. Pesquisas voltadas para o eixo: mídia, política e Análise de Discurso Crítica (ADC), com ênfase nos conceitos de fake news, pós-verdade, desinformação, fact-checking, discurso, educação midiática, plataformas digitais e Economia Política da Comunicação e da Desinformação.

  • Helena Martins do Rêgo Barreto , Universidade Federal do Ceará (UFC)

    Doutora em Comunicação Social pela Universidade de Brasília (UnB, 2018), com período sanduíche no Instituto Superior de Economia e Gestão (Iseg) da Universidade de Lisboa, financiado pelo Programa de Doutorado-sanduíche no Exterior (PDSE) da Capes. É professora do curso de Comunicação Social - Publicidade e Propaganda da UFC e do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da UFC. É editora da Revista EPTIC. Coordenadora do Telas - Laboratório de Pesquisa em Políticas, Tecnologia e Economia da Comunicação. Pesquisadora do GT Economía política de la información, la comunicación y la cultura da Clacso e do grupo Comunicação, Economia Política e Sociedade (OBSCOM/CEPOS). Possui mestrado em Comunicação pela Universidade Federal do Ceará (UFC, 2012) e graduação em Comunicação Social - Jornalismo (2009) pela mesma universidade. Associada à ULEPICC Brasil (União Latina de Economia Política da Informação, da Comunicação e da Cultura). Atua principalmente nos seguintes temas: Economia Política da Comunicação; políticas de comunicação; mudanças tecnológicas e sociedade; direitos humanos.

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Publicado

09-09-2024

Edição

Seção

Dossiê: Infodemia e desinformação em contextos de crise

Como Citar

JESUS-SILVA, Thiago Henrique de; MARTINS , Helena. Rio Grande do Sul e o ecossistema da desinformação: narrativas sobre a crise climática. Revista Comunicação Midiática, Bauru, SP, v. 19, n. 1, p. 11–34, 2024. DOI: 10.5016/pzggry12. Disponível em: https://www2.faac.unesp.br/comunicacaomidiatica/index.php/CM/article/view/612.. Acesso em: 16 set. 2024.