Os direitos humanos, a mercantilização da vida e a pandemia
DOI:
https://doi.org/10.5016/ridh.v8i2.8Palavras-chave:
Direitos Humanos, Neoliberalismo, Homo economicus, Pandemia, AlteridadeResumo
Os direitos humanos, enquanto discurso e prática, sempre estão em construção, desafiados pelos acontecimentos históricos de cada tempo. Nosso tempo vive sob o impacto de uma pandemia que tem provocado profundas mudanças no modo de vida e nas estratégias governamentais. Entre outras questões, a pandemia tem retirado a máscara dos principais argumentos do modelo neoliberal, particularmente em vários dos principios que sustentavam sua filosofia do homo economicus. A redução da vida humana a mera variável econômica, substrato do neoliberalismo, mostrou na pandemia as reais consequências de uma tanatopolítica que prioriza a economia em detrimento da vida humana. A obstinada negação pregada pelo neoliberalismo do valor do público e da dimensão comunitária, tem mostrado sua intrínseca fragilidade durante a pandemia, pois só os países que mantiveram um sistema público de saúde consistente conseguiram enfrentar de modo coletivo e efetivo as graves sequelas da pandemia. Por último, a cultura do individualismo, tão insistentemente inoculada em nossas subjetividades pelo neoliberalismo, também ruiu perante a radical interdepência que a pandemia mostrou existir entre todos nossos atos individuais e suas consequências comunitárias. A pandemia evidenciou que todos somos responsáveis por todos e que meus atos individuais repercutem diretamente sobre os demais. Essa interdependência constitutiva do humano é o fio que mostra que os direitos individuais são o desdobramento das obrigações de nossa responsabilidade para com os outros.
Human rights, the commodification of life and the pandemic
Human rights, as a discurse and practice, are always under construction, challenged by the historical events of each time. Our time lives under the impact of a pandemic that has removed the mask of the main arguments of the neoliberal model, particularly in several of the principles that supported its philosophy of homo economicus. The reduction of human life to a mere economic variable, a substrate of neoliberalism, showed in the pandemic the real consequences of a thanatopolitics that prioritizes the economy at the the expense of human life. The obstinate denial preached by neoliberalims of the value of the public and the community dimension, has shown its intrinsic fragility during the pandemic, as only countries that maintained a consistent public health system were able to face the serius consequences of the pandemic collectively ond effectively. Finally, the culture of individualism, so insistently inoculated into our subjetivities by neoliberalim, has also collapsed in the face of the radical interdepence that the pandemic has shown to exist between all our individual acts and their community consequences. The pandemic has shown that we are all responsible for everyone and that my individual actions have a direct impact on others. This constitutive interdependence of the humam is the thread that shows that individual rights are the unfolding of the obligations of our responsibility to others.
Keywords: Human rights. Neoliberalism. Homo economicus. Pandemic. Alterity
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