Os desafios da Educação em Direitos Humanos no fortalecimento da democracia
DOI:
https://doi.org/10.5016/ridh.v10i2.169Palavras-chave:
Democracias, Educação em Direitos Humanos, Interculturalidade crítica, Decolonialidade, Capacidades cidadãsResumo
Resumo: O presente ensaio reflete sobre o estado da arte das democracias na contemporaneidade e, em particular, na América Latina, caracterizando-as como de baixa intensidade e dá ênfase à necessidade de se lutar por democracias de alta intensidade. Aponta a Educação em Direitos Humanos como importante mediação para a construção de democracias com mais qualidade, bem como um processo voltado à formação dos sujeitos de direito, além de ser um espaço pedagógico e político de resistência e reexistência. Destaca a importância das perspectivas intercultural crítica e decolonial na abordagem desse processo. A partir desses princípios, sistematiza e articula quatro núcleos de capacidades cidadãs: saber ver e escutar com o coração - visão profunda; saber reconhecer letramento étnico-racial; saber conhecer - diferentes âmbitos de justiça. Afirma que a democracia é uma construção e um exercício constante e que ainda há um longo caminho a ser percorrido. Um caminho que dá ênfase à educação em direitos humanos, intercultural crítica e decolonial, na perspectiva de contribuir para a transformação das realidades de injustiça, opressão, violência, desigualdade, exclusão, invisibilidade, em possibilidades e realidades de VIDA com enfoques e práticas orientados no sentido de desenvolver as referidas capacidades cidadãs. Conclui ressaltando que é preciso estar “lutando sempre até que a dignidade se faça costume”, como proclama Jacinta Francisco Marcial, uma mulher indígena do povo Hñáhñú do México.
Los desafíos de la Educación en Derechos Humanos para el fortalecimiento de la democracia
Resumen: El presente ensayo reflexiona sobre el estado del arte de las democracias en la contemporaneidad y, en particular, en América Latina, donde se caracterizan por ser de baja intensidad. El estudio enfatiza la necesidad de luchar por democracias de alta intensidad. Señala a la Educación en Derechos Humanos como importante mediación para la construcción de democracias con más calidad, y como espacio para la formación de sujetos de derecho además de ser también un espacio pedagógico y político de existencia y re-existencia. El trabajo también destaca la importancia de las perspectivas intercultural, crítica y decolonial en el abordaje de dicho proceso. A partir de esos principios, sistematiza y articula cuatro núcleos de capacidades ciudadanas: saber ver y escuchar con el corazón – visión profunda; saber reconocer - letramiento étnico-racial; saber conocer – contar otras historias; y afirmar la representación y la participación - construcción de diferentes ámbitos de justicia. Afirma que la democracia es una construcción y un ejercicio constante y que aún hay un largo camino que recorrer. Un camino que enfatiza a la educación en derechos humanos, intercultural, crítica y decolonial, desde una perspectiva de contribuir para la transformación de las realidades de injusticia, opresión, violencia, desigualdad, exclusión, invisibilidad, en posibilidades y realidades de VIDA con enfoques y prácticas volcados a desarrollar las referidas capacidades ciudadanas. El ensayo concluye resaltando que es necesario continuar “luchando siempre hasta que la dignidad se vuelva costumbre”, como proclama Jacinta Francisco Marcial, una mujer indígena del pueblo Hñáhñú de México.
Palabras-clave: Democracias. Educación en Derechos Humanos. Interculturalidad. crítica. Decolonialidad. Capacidades ciudadanas.
The challenges of Human Rights Education in strengthening democracy
Abstract: This essay reflects about the art situation of democracies in contemporary times, especially in Latin American. They are considered low intensity ones and focus the need to fight for high intensity democracies. It points Human Rights education as an important mediation for the construction of democracies with more quality and a process directed to right subjects’ formation. It is also a pedagogic and political space of resistance and re-existence. It highlights the importance of critical and decolonial intercultural perspectives in approaching this process. From these principles, it systematizes and articulates four cores citizen capacities: knowing how to see and hear with the heart - deep vision; knowing how to recognize - ethno-racial literacy; knowing how to know - telling other stories and state representation and participation - construction of different justice contexts. It states that democracy is a construction and a continuous exercise and that there is a long way to go. A way that focuses the human rights education, critical and decolonial intercultural education, to contribute to turn realities of injustice, oppression, violence, inequality, exclusion, invisibility, into possibilities and realities of LIFE, with approaches and practices directed to the development of these citizen capabilities. It finishes highlighting the need of keeping “always fighting till dignity becomes customary”, as proclaimed Jacinta Francisco Marcial, an Indigenous woman from the Hñáhñú people in Mexico.
Keywords: Democracies. Human Rights Education. Critical interculturalism. Decoloniality. Citizen capabilities.
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