OEDH-NEDH

Cultivando os Direitos Humanos na Educação Básica

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EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS: primeiras lições

Lição 3 – Igualdade de direitos

INICIANDO A CONVERSA

Talvez a primeira coisa importante de se esclarecer quando falamos em igualdade de direitos seja a diferença entre igualdade e equidade. Da mesma forma em que falamos de racismo mesmo sabendo que existe apenas uma raça Humana, quando na verdade o termo correto seria etnia.

Quando falamos em igualdade social ou igualdade de direitos, nos referimos ao direito de receber oportunidades iguais, com distribuição justa da renda do país, falamos em preservação dos direitos básicos como educação, saúde, moradia e outros.

A diferença fundamental entre igualdade e equidade reside no tratamento. A igualdade, ou isonomia, trata a todos da mesma forma, independentemente de suas necessidades ou condições. A equidade, por outro lado, reconhece as diferenças individuais e oferece um tratamento justo, adaptando-se às necessidades específicas de cada pessoa para alcançar um resultado igual.

O Brasil tem uma herança escravocrata que produziu desigualdade entre os diferentes grupos étnicos. Desde a colonização, indígenas e negros foram colocados em um lugar de subalternidade na vida brasileira e isso se reflete até hoje numa luta incansável por preservação e conquista de direitos.

A maneira como o trabalho humano se realiza numa sociedade, marca toda uma cultura e a escravidão trouxe traços de preconceito e discriminação profundos entre os brasileiros, levando os diferentes grupos a um tratamento desigual que cerceia direitos de uns e elege privilégio para outros.

A educação em direitos humanos propõe uma educação que visa construir uma sociedade mais justa, equitativa e democrática, onde a dignidade humana seja valorizada e protegida para todos. 

Como diria Maria Benevides em seu texto “Educação em direitos humanos: do que se trata?” A EDH parte de 3 pontos essenciais “o primeiro é uma educação de natureza permanente continuada e global segundo uma educação necessariamente voltada para a mudança e terceiro é uma inculcação de valores para atingir corações e mentes e não apenas instrução meramente transmissora de conhecimentos”

Sendo assim, o principal objetivo da educação em direitos humanos é formar cidadãos conscientes e empoderados, que reconheçam, respeitem e defendam seus direitos e os direitos dos outros.

Os desafios são que constantemente estamos mergulhados enquanto sociedade, em valores que negam os direitos humanos, que tentam silenciar as vozes que os defendem ou pela força ou por ideologias propagadas nas redes sociais.

Democracia
O combate às desigualdades sociais passa pela defesa da Democracia, sim; mas uma democracia social e participativa que universaliza na prática tanto os direitos individuais quanto os direitos coletivos. Os regimes autoritários se preocupam em proteger os grupos que estão no poder e manter seus privilégios; apenas na democracia social os valores de igualdade e liberdade podem ser colocados na prática cotidiana das pessoas.

A democracia, como sistema político e cultura, serve como um importante mecanismo para garantir a igualdade de direitos, promovendo a participação cidadã, a proteção dos direitos individuais e a diversidade de pensamento. Ela estabelece um quadro, em que todos os indivíduos são tratados com igualdade perante a lei – independentemente de raça, gênero, etnia, religião ou classe social – e têm igualmente acesso aos bens sociais, econômicos e culturais.  

O que estamos vendo com o neoliberalismo, em vários países, é um aumento da desigualdade social. Há uma relação bastante grande entre diminuição da democracia, dos valores democráticos, com o aumento da desigualdade social.

A democracia tem valores coletivos. É um regime de governo preocupado em respeitar a diferença, em tentar construir uma sociedade igualitária, mesmo com todos os desafios historicamente já existentes no Brasil.

O privilégio de parcelas da sociedade brasileira, acumulando riquezas deixa grande parte da sociedade vivendo com o mínimo, sob condições de vida muitas vezes desumanas.

É preciso construir uma sociedade democrática com igualdade de direitos e, portanto, sem privilégios. Isso somente é possível se houver uma política de Estado visando eliminar as profundas desigualdades sociais. Elas surgem e aprofundam quando o trabalhador não recebe um salário justo para ter uma vida digna para si e para os que dele dependem. No Brasil temos uma grande população empobrecida e uma alta concentração de riqueza nas mãos de poucos.

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

Seguem abaixo sugestões de atividades para desenvolver, na criança e no adolescente a reflexão sobre a importância do combate aos privilégios e a defesa dos direitos à vida digna de todas as pessoas, em uma sociedade mais justa e igualitária com respeito as diferenças. Não se trata de promover vivências que levem a reflexão de grandes questões sociais apenas, mas principalmente dos pequenos gestos cotidianos de cada membro da comunidade escolar que promove a desigualdade, que fortalece privilégios e ou fere direitos.

Educação Infantil e Ensino Fundamental I
A proposta dessas atividades é demonstrar que de forma simples é possível trabalhar com EDH na sala de aula, principalmente lembrando que desde muito cedo as crianças podem compreender que todas as crianças têm direitos, desde os mais básicos como alimentação, educação, moradia e saúde até os mais importantes como cuidado, respeito e carinho. Podem compreender também que cada colega da sala, os professores, os pais, os amigos, todos ao seu redor tem também os mesmos direitos.

 Atividades
1) Tomando, com exemplo, o vídeo “Igualdade de gênero. Vamos falar sobre isso?” (1:53) e reproduzir vivência semelhante com a criança para que ela inicie a compreensão do que seja igualdade de direitos.

2) Conversar com a classe mostrando que todas as crianças têm os mesmos direitos. Posteriormente:
a) Cantar e dançar a música: Direitos da criança (3:38) > clique aqui <
b) Criar um desenho a partir de um dos direitos da criança > clique aqui <

3) Criar projetos com propostas lúdicas para que as crianças mantenham a sala em ordem e limpa em respeito aos demais colegas e os funcionários da limpeza. Saber cuidar e partilhar os espaços coletivos é importante lição de respeito aos direitos de todos.

4) Utilizar a música “Todos juntos” (Saltimbancos) de Chico Buarque para trabalhar os valores democráticos e as ações coletivas para que supere as opressões e desigualdades sociais. Cada um, na sua diferença, pode contribuir nessa luta pela igualdade de direitos, como diz a música:  “Junta um bico com dez unhas, quatro patas, trinta dentes e o valente dos valentes ainda vai te respeitar”

5) Construir com as crianças uma carteira de trabalho e conversar sobre como ela surgiu, o que ela representa na vida do trabalhador, seus direitos, suas responsabilidades. O papel do empregado e do empregador nessa relação.

Ensino Fundamental II e Ensino Médio
As crianças e jovens mais velhos podem fazer reflexões mais profundas.
Exemplo: Trabalho em grupos:
1. a) Ver as 2 imagens: – fotografia 1 / fotografia 2 e conversar sobre: O que chama sua atenção nas fotos? Que impressões e sentimentos as fotografias causaram? Para você, por que existe, no Brasil, tanta pobreza e, por outro lado, gente muita rica? Na cidade, onde você mora, existe muita pobreza?  
   b) Cada representante de grupo relata para classe as principais ideias debatidas no grupo. Debater as possíveis soluções para a pobreza no Brasil.

Exemplos de jogos que podem promover vivências:

  • Jogos que representem diferentes profissões e renda em que as crianças possam experimentar o impacto da desigualdade em seu dia a dia.
  • Jogos que ensinem sobre a importância de seguir regras combinadas coletivamente (pacto social) e sem privilégios.
  • Jogo do “Soletrando em libras” para interagir e facilitar a comunicação e a inclusão de colegas com deficiência auditiva.

Além dos jogos outras atividades simples também podem ser usadas:

  • Utilizar poemas como “Operário em Construção” de Vinicius de Moraes para discutir as duras condições do trabalhador brasileiro, ou o poema “O Bicho” de Manuel Bandeira, para refletir sobre como a miséria destrói a dignidade humana.
  • Fazer pesquisas sobre diferentes tipos de moradias em diferentes bairros e questionar os alunos de como esses bairros se formaram e como vivem as pessoas nesses diferentes bairros. Use recorte e colagem por exemplo, os alunos de mais idade com o tempo deixam de fazer essas atividades mais lúdicas, que motivam bastante o grupo.


MATERIAL COMPLEMENTAR
– Vídeo: Desigualdade social (3:01) > clique aqui <
– Vídeo: Direitos Humanos para criança (SEDH) (12:16) > clique aqui <
– Vídeo: Igualdade de gênero – (1:51) > clique aqui <