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v. 1 n. 01 (2019): PROART - Revista de Arte, Arquitetura, Comunicação e Design
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Este é o primeiro volume da Revista Proart. O objetivo primordial que nos motiva a publicar este periódico é o de inaugurar e estabelecer um novo espaço em que seja possível debater e dialogar sobre manifestações e relações entre as ciências e as artes e os múltiplos domínios do saber.

O ideal é que neste espaço estejam reunidos de maneira ampla e constante o conhecimento humano que se constrói nesta relação entre as áreas, de maneira ininterrupta, mais visivelmente pela comunidade de artistas e também pelos pensadores que lidam com as sobreposições e imbricações da arte com a ciência e a tecnologia.

Arte e ciência são dois binômios inseparáveis, mesmo diante das relações mutáveis impostas pelos tempos: a arte é vista e como um conjunto de regras executivas. Já a ciência, muito além de um agrupamento de regras, mas aplicações destas mesmas regras à reflexão e compreensão de um determinado objeto.

No século XX surgiram as vanguardas com novas formas de expressão, de produção e exposição, explicitando a relação interdisciplinar das artes com a tecnologia como conquistas científicas fundamentais no mundo contemporâneo, constatadas nos projetos e pesquisas, nas inovações tecnológicas, nas linguagens eletrônicas que contemplam a diversidade de novas comunidades, novos comportamentos com sensibilidades distintas e, consequentemente, nova cultura.

Assim, com as tecnologias, novos modos de fazer arte surgiram e desapareceram: web art, arte robótica, browser art, computer art, arte sonora, arte digital e muitas outras.

Neste contexto tecnológico contemporâneo, mais exatamente na primeira década do século XXI, surge uma pós-vanguarda que explora o mundo virtual e de maneira extremamente criativa experimenta, pesquisa e explora os hipertextos e as hipermídias centradas na interatividade, na imersividade e não na linearidade.

Estas práticas forjam novas reflexões sobre a arte e a estética com uma difícil e complicada utilização dos conceitos.

Neste contexto tecnológico, ênfases extremadas no digital, os grandes problemas da Arte e da Cultura ganham novos contornos e com acuidade exigem novas abordagens e modos diferenciados de crítica: atuam em conjunto a comunicação e a informação e centrados nas questões estéticas artísticas e no fazer uma obra de arte, sem esquecer das relações explícitas entre as Artes, Arquitetura, Comunicação e Design.

Por exemplo, as tecnologias médicas são apropriadas pelas artísticas e o corpo humano com  extensões, no sentido McLuhaniano, conectado às próteses vestidas, ampliam e aumentam a realidade física e nesta incursão os corpos reagem, constroem sentidos e transformam comportamentos.

Importante dizer que a arte eletrônica hoje desenvolve projetos interligados às inovações tecnológicas, incomodam, provocam e obrigam a dissipar dúvidas e a buscar respostas científicas ou epistemológicas pelas comunidades acadêmicas que, imersas no contexto carregado de fenômenos, resultados de reflexos diretos da carga tecnológica, impõem reflexões e práticas dos novos comportamentos que surgem.

Neste entrelaçamento entre Arte, Arquitetura, Comunicação e Design faz-se necessário situar as discussões poéticas dentro de algo maior que é a Teoria. Os hipertextos, as hipermídias formam um todo abstrato que requer uma constante atualização conceitual, apontando para novas categorias. Impossível ignorar a presença de uma hesitação teórica neste contexto. Há múltiplas relações nos múltiplos processos: a transtextualidade que engloba a intertextualidade clássica (Kristeva), densidade praticada nos metatextos críticos implicam e caracterizam as novas Artes. Talvez seja esta a proposta da Proart como espaço de discussões. Neste encontro da arte, ciência e tecnologias, como queria Maria Schenberg, será sempre possível o processo criativo como eixo básico em que juntam-se campos distintos, encontram e trabalham objetos específicos, mas rompem limites, em uma interação contínua com o mundo em mudanças disruptivas e rápidas.

Os artigos que compõem esta primeira parte “Arte e Mídia Digitais na contemporaneidade: Estéticas e Dispositivos” estão centrados em questões essenciais para os estudos da arte contemporânea com contribuições importantes de seus autores, em uma perspectiva multidisciplinar, traduzem seus pensamentos e teorias: Jerusa Pires ferreira e Roberto Oliveira analisam a exposição do fotógrafo (judeu-alemão) Erwin Blummenfeld em São Paulo e as estratégias do artista, em ambiente que propicia um complexo jogo histórico e cultural; Massimo Canevacci estuda e aprofunda a relação entre a antropologia aplicada, as artes e a ciência em uma transfusão sincrética, ubíqua e polifônica no contexto digital contemporâneo; Sylvia Furegatti apresenta e faz reflexões em um estudo elaborado a partir de pesquisas poéticas e teóricas recentes, discutindo a relação da natureza e da paisagem na produção artística contemporânea.

Esta segunda parte foi pensada e planejada como um espaço dedicado especialmente aos estudos da “Arte, Comunicação e Tecnologias: Relações Interdisciplinares”. Ciro Marcondes Filho faz uma breve síntese das proposições da Nova Teoria da Comunicação, salientando as cinco teses principais da proposta como fenômeno comunicacional e seu alcance e impacto sobre nossas vidas; Norval Baitello Jr. e Robson Kumode Wodevotzky apresentam um importante e inovador estudo sobre as webséries e suas construções em um ambiente de produções audiovisuais com a participação direta de interatores, que não apenas consumirão estes produtos, mas participarão de sua coprodução; Pedro Russi analisa as ressignificações dos processos culturais urbanos e repensa politicamente a comunicação na América Latina; Rodrigo Gabrioti estuda o telejornalismo no contexto das tecnologias digitais disponíveis e as mudanças dos processos comunicacionais que impõem outras ordens sociais à cultura ao convencionalismo midiático.

Já nesta terceira parte “Arte, Cultura, e representações: Relações de Expressões” Antonio Hohlfeldt repensa a dramaturgia de Antônio Callado e pontua a importância histórica dos textos deste autor, no contexto da literatura brasileira, destacando a relação da literatura com o jornalismo, aspecto estudado no trabalho inovador Antônio Callado que foi também revolucionário no teatro; Noel dos Santos Carvalho propõe uma discussão em torno de questões sobre a representação do negro no cinema brasileiro. Estas análises tomam os estereótipos raciais como objeto da representação do negro nos filmes; Maria Inês Amarante faz um recorte de sua tese doutoral, de cunho etnográfico, e apresenta, à luz da semiótica da cultura e da comunicação, o que de específico se sobressai no campo das artes plásticas sobre as mulheres de Timor-Leste, revelando novos sentidos emergentes no campo das relações de gênero estabelecidas.

Na entrevista, realizada por Osvando J. de Morais(UNESP) e Maria Érica Lima(UFC) o convidado especial Renato Ortiz discute as relações entre Arte, Ciência, globalização, cultura e identidades no século XXI.

Na seção de resenha Eli Vagner Francisco Rodrigues faz uma leitura atenta e minuciosa  de Grande Hotel Abismo, livro de Stuart Jeffries. Na segunda resenha, de maneira sensível, técnica e cuidadosa Maria Inês Amarante faz uma leitura de Todos por um: Edições de Alexandre Dumas no Brasil, livro de Rosângela Oliveira Guimarães.

Esta é a Revista PROART, espaço criado e sensivelmente  pensado, de maneira meticulosa para publicações, lugar de diálogos, trocas de ideias e conhecimentos, compartilhamentos e conexões múltiplas.

 

Osvando J. de Morais

Marcelo Carbone Carneiro

Publicado: 2019-08-05

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