‖ ‖ ‖ Anne Ferraz ‖ ‖ ‖
Que a informação está mais acessível devido à internet, não é novidade. A quantidade de informação disponível na rede aumentou significativamente nos últimos anos, e isso colaborou para que os cidadãos exercessem cada vez mais os seus direitos, pela possibilidade de adquirir conhecimento por si próprios.
No entanto, se antes o jornalismo possuía a função de formar e informar o cidadão, hoje o jornal já não é mais suficiente para atender essas necessidades, e a iniciativa de procurar se informar mais sobre determinado assunto deve partir do próprio individuo. Noticias consideradas menos importantes pelos jornais são filtradas e aparecem como pequenas notas, e muitas vezes são tão breves que se torna praticamente impossível tirar conclusões a respeito dos fatos.
Para que o cidadão realmente faça valer os seus direitos é necessário que a mídia cumpra seu papel de informar de maneira imparcial, e mais importante, com clareza e amplitude, a fim de subsidiar diferentes perspectivas de situações, e proporcionar a formação de posicionamentos bem embasados.
Isso significa que se deve considerar a qualidade da informação para que os cidadãos sejam capazes de mensurar alternativas, riscos e decidir qual a melhor solução para determinada questão em debate.
Mas a velocidade da informação frequentemente prejudica a qualidade da informação. Sites de notícias são atualizados a cada minuto, a informação é muito perecível e as matérias são extremamente superficiais. Por conta disso, enganos e erros acabam se tornando mais comuns do que deveriam ser. Vale lembrar ainda que os jornais nem sempre divulgam as erratas de forma adequada, o que acarreta mais transtornos para o público.
Uma solução poderia vir das consultas públicas realizadas online, inclusive por órgãos do Governo do Brasil. Os documentos disponibilizados para pessoas que desejam participar das consultas podem conter dados detalhados, que tender a contribuir para ampliar o conhecimento dos interessados em participar e fornecer subsídios para a construção de críticas a respeito do assunto abordado. Em outros países, cresce o uso de consultas, que discutem não só projetos de lei, mas também problemas comuns, da vida cotidiana das comunidades.
Mas o mais importante é que haja garantia de acesso a internet para todos. Um país que se preocupa com a qualidade da informação nas mídias digitais deve investir em inclusão digital da sua população. Uma forma de avaliar qual o grau de informação e participação eletrônica de um país é através do E-participation Index da ONU. Esse ranking escala os países por maior grau de participação democrática proporcionado pelo uso de novas tecnologias. Porém, o Brasil está na 24a colocação no ranking de 2008. Coréia, Austrália e México estão entre os dez primeiros colocados. Em 2008, 35% da população brasileira tinha acesso a internet, e como um país que busca a inclusão digital e a participação da população, tudo indica que o Brasil pode aumentar esse índice e chegar a uma melhor classificação no ranking da ONU nos próximos anos.