Aline Camargo
“Jovem é encontrada morta com faca cravada no pescoço”. Com esse título, matéria do jornal Extra se alinha ao perfil jornalístico que explora a morbidez da violência.
No texto, destaca-se o apelo sensacionalista. “Caroline Alves sofreu dois cortes na coxa esquerda, e um terceiro perto do ânus. A vítima sofreu outros duas perfurações no pescoço, provavelmente antes do golpe que cravou a faca, a cerca de quatro dedos de profundidade em seu pescoço. O laudo do IML, realizado pelo Dr. Marcos Krères, atesta que houve ‘hemorragia externa por secção de plexo carotídeo direito’, por meio de uma ‘ação perfuro-cortante’”.
A edição online do jornal explora recursos multimídia, com a exibição de um vídeo em que familiares apresentam depoimentos exclusivos e suas suspeitas no próprio local do crime. Não falta a tradicional questão ao parente em luto: “o que você está sentindo agora?”.
Este padrão de jornalismo é acusado de aproveitar-se de características gráficas e linguísticas que chamam a atenção do leitor ao oferecer conteúdo diferenciado na linha crime-sexo-escândalos, valendo-se de estratégias como mensagens de duplo sentido, fotos apelativas e exploração da tragédia alheia.
O conceito de sensacionalismo divide opiniões. Qualquer veículo poderia ser considerado sensacionalista, por usar artifícios para atrair leitores e provocar sensações. Mas a diferença é que tal perfil acaba por potencializar a violência e banalizá-la, para vender mais jornais e atingir seu público. No entanto, no jornalismo, a prestação de serviços e a credibilidade devem ser prioritárias, com informações corretas e completas.