Aline Camargo
O vídeo “Levante sua voz”, dirigido por Pedro Ekman e lançado pelo Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social, enfoca a liberdade e o direito à informação como temas principais. Com uma linguagem descontraída e por vezes até mesmo irônica, o vídeo trata o polêmico tema das concessões públicas com seriedade, de maneira simples e questionadora, abordando um breve histórico da concentração dos meios de comunicação no Brasil, com os nomes dos principais atores do cenário, e um panorama sobre a dificuldade de se ter uma comunicação mais democrática no país.
No vídeo, o acesso aos meios de comunicação é comparado à vida na selva, em que o desejo e as supostas necessidades do mais forte prevalecem sobre os mais fracos. A liberdade é colocada como característica necessária àqueles que possuem direitos. De acordo com Pedro Ekman, o que diferenciaria a humanidade do restante dos animais é a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que estabelece a garantia do direito à informação e, em seu artigo XIX, defende o direito de receber e transmitir informações sem interferência por quaisquer meios e independentemente de fronteiras, estabelecendo assim a comunicação.
A personificação do tema a partir da empregada doméstica Sirleidy e de sua família traz uma linguagem leve e sensível para assuntos de difícil entendimento, como o funcionamento da concessão pública e o descumprimento de regras exigidas por lei às emissoras que tenham concessão, como a proibição da posse de mais de cinco canais, o limite da publicidade a 25% da programação e a obrigatoriedade de conteúdo jornalístico em 5% da programação.
A polêmica apontada pelo vídeo ainda trata do fato de 25% dos senadores e cerca de 10% dos deputados serem concessionários de rádio ou tv. O perfil editorial de alguns veículos é questionado, bem como os conceitos que supostamente estariam inerentes àquilo que é informado.
“Levante sua voz” sustenta que a comunicação no país cabe a 11 famílias, que definiriam o que é ou não noticiável, assim como aquilo que tem ou não relevância jornalística ou potencial para atrair público. O vídeo ainda expõe a edição como uma forma de manipular informações. A manipulação também é apresentada nas publicidades e abordada no curta, em que Sirleidy vai ao salão de beleza porque viu a propaganda de uma tintura e alisamento para cabelos, que de acordo com o vídeo seria uma maneira de formar opiniões e valores.
O portal Direito à Comunicação, que abriga o vídeo na internet, é mantido pelo Intervozes a fim de criar um espaço de discussão e reflexão sobre a comunicação. Com análises críticas, matérias e estudos exclusivos, o público pode obter visões diferentes sobre temas que abrangem desde políticas culturais e questões ligadas à propriedade dos meios até a convergência tecnológica e a digitalização da mídia.