Aline Camargo
Matéria publicada pelo jornal Folha de S. Paulo em 5 de setembro com o título “Consumidor de luz pagou R$ 1 bi por falha de Dilma” foi motivo de grande repercussão popular, inclusive no Twitter. Os internautas ironizaram o que acreditaram ser uma perseguição do jornal. Eles veicularam mensagens que imitariam possíveis manchetes do jornal: “Serra lamenta: a Dilma me indicou o Xampu Esperança”; “Errar é humano. Colocar a culpa na Dilma está no Manual de Redação da Folha”; “Dilma estava no quarto de Ronaldo Fenômeno no final da copa de 1998”; “Folha revela – Dilma indicou remédio para Vanusa”; e “Dilma afirmou que vai desapropriar Pântano de Shrek”.
A matéria deixou evidente a posição do jornal em relação a Dilma Roussef. A parcialidade já esteve presente no texto da capa da edição: “a propaganda eleitoral tem apresentado a candidata à Presidência Dilma Rousseff (PT) como uma eficiente gestora. Um erro cometido à frente do Ministério de Minas e Energia, contudo, coloca em xeque essa imagem. (…) O ministério alegou dificuldades para unificar o cadastro dos programas sociais e pediu mais tempo. A explicação não convenceu”.
Mesmo após a repercussão na rede, a Folha de S. Paulo não se manifestou, o que foi observado pela ombudsman Suzana Singer em texto publicado em 12 de setembro. Com a atribuição de criticar o jornal sob a perspectiva dos leitores, ela contou ter recebido cerca de 40 mil mensagens no microblog, em atitudes que ela chamou de “anti-folha”.
Singer disse que o jornal “vem se dedicando a revirar vida e obra de Dilma Rousseff” e que “colocar uma lupa nas gestões da candidata do governo é uma excelente iniciativa, mas dar tamanho destaque a um assunto como este (matéria de 5 de setembro) não se justifica jornalisticamente”.
A ombudsman ainda destacou o fato de o lide da reportagem dar um “peso indevido ao que se tinha apurado”, o que “desequilibrou a cobertura eleitoral”. Quanto às manchetes criadas pelos internautas, Suzana deu o nome de “criatividade”. As mensagens podem ter sido enviadas por diversos motivos, segundo ela, mas “não dá para desprezar essa reação e a Folha fez isso”.