A repercussão das eleições no Twitter


Karol Castanheira


A fórmula básica de se entender o processo comunicativo tradicional se rompe quando adentramos hoje o ciberespaço. Receptor e emissor se confundem e passam a ser usuários, criando formas de identificação e manifestação. É assim também com a utilização das ferramentas virtuais, tanto por políticos quanto eleitores nas eleições brasileiras de 2010. Mesmo sendo uma minoria da população do país, twitteiros interessados na política postam mensagens e as repercutem na internet.

Aqui nos interessam as mensagens postadas em 5 de agosto, quando foi realizado o primeiro debate da campanha eleitoral deste ano entre Dilma Roussef (PT), Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda (PSOL), promovido pela Rede Bandeirantes. Apesar do bombardeamento de mensagens postadas em questões de minutos e até mesmo de segundos sobre os candidatos Serra e Dilma, quem chamou a atenção dos twitteiros, de forma inesperada, foi Plínio, que, através de algumas falas sarcásticas em relação aos outros candidatos e pela sua postura em ser o único a falar diretamente com o público, ganhou dois mil seguidores da noite para o dia. Plínio chamou Serra de “hiponcondríaco”, Dilma de “mãe dos pobres” e Marina, de “ecocapitalista”.

Enquanto os comentários sobre Plínio estiveram voltados para sua forma irreverente de falar, as redes de apoio dos candidatos Serra (@Rede45) e Dilma (@Dilmanaweb e @blogdilma2010) trocaram farpas sobre as respostas que cada um apresentou sobre determinados assuntos e sua postura diante das câmeras. Já as redes do Partido Verde pouco se pronunciaram; os comentários sobre Marina vieram de pessoas que, de certa maneira, possuiriam empatia por ela.

Apesar da negligência das mídias tradicionais com as candidaturas do PSOL e do PV, a repercussão sobre o debate televisivo no Twitter é digna de análise, justamente porque a internet é um espaço livre, no qual as pessoas e os partidos podem se manifestar sem restrições, em uma nova forma de socialização da política.

Atualmente a internet ainda é um fenômeno minoritário. Quem sabe, chegará um dia em que ela será percebida como uma infra-estrutura banal, como as redes de água, luz ou telefone.

O número de brasileiros com acesso a internet não passa de 35%. Segundo o Ibope, estima-se que, no total, 62,3 milhões de brasileiros maiores de 16 anos usem a internet em casa, no trabalho, em escolas, lan houses, bibliotecas ou telecentros. Portanto, quando analisamos a repercussão dos debates nas redes sociais, não estamos falando de toda e nem com toda a população brasileira.

Um exemplo de que o fenômeno de campanhas eleitorais virtuais não é decisivo nas eleições vem das estatísticas das redes sociais. No Twitter, Serra tem quase 430 mil seguidores e mais de 3 mil tweets. Dilma tem aproximadamente 220 mil seguidores e 302 tweets, e Marina, 202 mil seguidores com mais de 1,6 mil tweets. Se a rede de fato refletisse o pensamento do brasileiro, a lógica seria que Serra ganhasse as eleições. Porém, segundo os dados de pesquisa eleitoral realizada três semanas antes das eleições, Dilma recebia 51% das intenções de voto, Se


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