Relatório caracteriza hábitos de consumo de internet no Brasil


‖ ‖ ‖ Kátia Vanzini e Bruna Giorgi ‖ ‖ ‖

 

Quanto tempo os brasileiros passam conectados? Estamos conectados em um ou em mais de um dispositivo ao mesmo tempo? Quais são os conteúdos mais acessados quando estamos online? Essas são perguntas que o relatório Brazil Digital Future in Focus, elaborado pela empresa de medição e análise da internet ComScore, procura responder. O relatório analisa a forma como os brasileiros navegam pela internet por meio de desktops, aparelhos móveis, vídeos e sites de rede social, relacionando o modo de interação dos usuários com a publicidade em plataformas digitais.

Segundo o relatório, o Brasil é o único país na América Latina que está entre as maiores audiências do mundo dos usuários de desktops, sendo a média mensal de minutos por página visitada a maior de todos os países analisados. Os usuários mais presentes são jovens, com uma predominância maior de pessoas de 15 a 44 anos, somando 66,5% dos usuários. E menos de 5% são adultos com mais de 55 anos de idade. Outro dado importante se refere ao acesso por regiões do país: o sudeste contempla cerca de 50% dos usuários, enquanto a região norte, 4,2%. Já em relação ao conteúdo, os usuários têm costume de buscar serviços, portais e entretenimento.

O relatório aponta o crescimento no uso de celulares, smartphones e tablets, que reduziu o consumo das páginas e o tempo que o usuário passa navegando online através de um desktop, o que pode indicar a migração para o uso móvel. Os usuários que têm contato com conteúdos digitais exclusivamente por smartphones ou outro dispositivo móvel cresceu 7% durante os últimos seis meses compreendidos pelo relatório, o que corresponde a quase 39 milhões.

Os brasileiros passam, em média, três horas a mais assistindo a vídeos online que seus vizinhos latinos. Com relação aos conteúdos procurados, o entretenimento está em primeiro lugar, e a boa notícia para quem trabalha com a publicidade e marketing online é o crescimento do número de consumidores. O relatório sustenta que houve um aumento de 18% em minutos assistidos e, apesar do crescimento de novos formatos criativos em flash, os anúncios são predominantemente estáticos e fora do tamanho padronizado. As peças de propagandas mais produzidas são para portais e mídias sociais (70%). Além disso, em dispositivos móveis, o investimento em propagandas cresceu R$ 721 milhões em 2014. Os setores de beleza e saúde e o de bebidas alcoólicas são os que mais investem nesse tipo de anúncio.

Mobile

E para aqueles que apostam no crescimento e domínio em poucos anos do mercado mobile, os dados do relatório apontam perspectivas que vem ao encontro dessa crença. O tempo médio gasto pelo brasileiro através de dispositivos móveis é de 72% com celulares Android, 15% com Iphone, 8% com Ipad e 5% com Tablet Android.

Apesar dos números otimistas no mobile, outros dados do relatório indicam que o brasileiro ainda acessa a internet por meio de várias plataformas. Quase metade da população online no país acessa conteúdo digital através de mais de um dispositivo: 75,6 milhões de brasileiros acessam o ambiente online via desktop, 65,6 milhões assistem a vídeos através de desktops e 39,3 milhões, através de celulares. 

Redes sociais

Os brasileiros estão em primeiro lugar na América Latina no tempo médio gasto nas redes sociais, 60% maior do que a média mundial. Só o Facebook registra 58 milhões de visitantes únicos mensais.

E com um público tão diferenciado e surpreendente em números, dominar formas de incentivar o engajamento em uma publicação é o sonho de todo profissional de marketing digital. Segundo o relatório, posts com fotografias representam 83% do engajamento no Facebook. Fazer perguntas nas publicações também aumenta os níveis de engajamento, segundo o relatório.

A Infobase Interativa utilizou os dados do relatório para apresentar, através de infográfico, quanto tempo o brasileiro gasta nas redes sociais. E não é pouco tempo: média de 10 horas por mês navegando pelas redes. Divulgado pelo portal Comunique-se, o infográfico traz informações como porcentagem da população brasileira online dividida por sexo, por região do país, por idade, por tempo gasto nas redes sociais, quais são as redes com maior penetração e quais as postagens com maior engajamento. É a versão resumida, interativa e centrada nas informações de consumo dos brasileiros da rede social do relatório da ComStore.

Considerações

A partir do relatório, é possível tecer algumas considerações que podem ser analisadas por quem produz conteúdo para o ambiente online, para quem almeja utilizar a internet para impulsionar as vendas e também para quem estuda o ambiente online.

 O acesso à internet pelos brasileiros é um dado relevante. Em relação aos países da América Latina, os sites de redes sociais, bem como sites que disponibilizam serviços e portais de notícias são os mais navegados, o que pode significar um certo tipo de engajamento pelos brasileiros, que procuram por informações e as compartilham para benefícios próprios ou de uma coletividade. Combate a preconceitos e conscientização para a prevenção de doenças foi a temática de várias campanhas organizadas pelos próprios usuários do Facebook. Essas ações, que depois foram repercutidas pela grande mídia, demonstram que os brasileiros se engajam nas causas e a internet é uma ferramenta que possibilita a troca de interações e, quem sabe, de um espaço público. No entanto, há que se considerar que pessoas com mais de 55 anos estão fora desse contexto atual. O alfabetismo digital é um dos problemas que surgem com essa nova realidade que interliga regiões do país e do mundo, mas omite grupos que não têm acesso às tecnologias necessárias.

Outro fator que merece reflexão é o aumento progressivo de usuários que utilizam a internet apenas por dispositivo móvel, o que não quer dizer, no entanto, que o desktop deva ser esquecido. Portanto, os profissionais devem pensar em formatos que atendam aos dois públicos, ou seja, conteúdo que seja possível acessar por mais de uma plataforma. Em função da grande penetração dos vídeos, é necessário o investimento nesse tipo de mídia, mas também pensando na adaptação necessária a vários dispositivos e vários tipos de conexão. Outra conclusão é a força da rede social e suas formas eficientes de engajamento, o que requer conhecimento dos anseios e gostos dos seguidores, que, a exemplo do vídeo, também são bastante visuais, optando por postagens que ofereçam vídeos e fotos.

A pesquisa também pode indicar ainda que, se o brasileiro aprecia vídeos e fotos quando está online, os portais de notícias deveriam repensar a oferta de conteúdo através de vários formatos, mas de maneira complementar.