A função básica do jornalismo é informar a população sobre o que de mais importante acontecer no mundo e tiver valor-notícia.
Além disso, uma possibilidade no jornalismo, das mais interessantes e desafiadoras, é informar e entreter ao mesmo tempo, e com qualidade. Trata-se de, em âmbitos textuais, usar da palavra para informar o leitor, enquanto, ao mesmo tempo, ele recebe doses de entretenimento. Muito indicado para aquele momento de leitura depois de um dia de muito trabalho ou qualquer outro momento que peça um texto tranquilo, divertido e informativo, a função nevrálgica do jornalismo.
Uma possibilidade para a realização de um texto de qualidade, que concilie jornalismo e entretenimento numa mesma informação, é a partir do uso linguagem leve e simples, com pitadas de rebuscamento e sofisticação. Os mais perfeitos nessa leveza seriam aqueles textos em que o jornalista parece estar conversando com o leitor, sem exagerar na linguagem coloquial, nem esquecer das normas gramaticais, que fique claro.
Quem tem usado muito bem destes recursos recentemente é o Caderno 2, do jornal Estado de S. Paulo. Abolindo quase completamente os lides de boa parte de suas reportagens, o suplemento tem conseguido, em boa parte de seus textos, conversar com o leitor, sem deixar de fazer crítica ao documentário de Jards Macalé e ao primeiro CD do cantor pop teen Justin Bieber. Muito menos o jornal deixa de noticiar sobre as estreias da exposição de gravuras e documentos de Olavo Setubal na Pinacoteca, e do novo filme de Lais Bodanzky, As Melhores Coisas do Mundo.
O uso de perfis para o jornal também se mostram interessantes, principalmente no Caderno 2 + Música, que circula aos sábados, feitos de maneira leve e interessante, onde os jornalistas destacam características de onde acontece a entrevista, o estado de espírito do entrevistado, como ele está vestido, entre outras características. Em alguns momentos, é como se o leitor estivesse na mesa junto com o entrevistado, que está contando a ele suas histórias, tão “conversado” e atraente que se mostra o texto.
Em algumas edições, usando dois exemplos, isto fica bem evidente, no enfoque sobre os músicos Chico Batera e Pupilo, perfilados no jornal, respectivamente, nos dias 10 e 17 de abril de 2010.
Além disso, dois colunistas do caderno acrescentam e muito a essa linguagem falada, são eles Lucio Ribeiro e Alexandre Matias, que iniciaram seus trabalhos no caderno pós-mudança na linha editorial do jornal. Lucio e Matias transportam para o jornal a mesma linguagem característica de seus blogs, respectivamente, Popload e Trabalho Sujo, onde tem total liberdade para conversar com o leitor, e usam desta linguagem para passar informações aos leitores.
Ao que parece, a cada edição o Caderno 2 busca se aproximar dessa linguagem com caráter coloquial, sem deixar de informar seus leitores. A maneira como essas informações são expostas dão um caráter leve e assaz agradável para a leitura, numa ótima junção do que seria entretenimento, sem jamais deixar de ser jornalismo.