‖ ‖ ‖ Alexandre Lopes e Jéssica de Cássia Rossi ‖ ‖ ‖
A indústria da telenovela no Brasil é bastante conhecida em todo o mundo. Há décadas, o país tem se tornado especialista na produção deste tipo de programa televisivo, principalmente por meio da Rede Globo, que exporta suas novelas para diversos países. Não há outra emissora que tenha conseguido ameaçar sua hegemonia. SBT e Record disputam entre si o segundo lugar do ranking, importando ou copiando novelas da mexicana Televisa ou copiando a própria Globo.
A revista Veja de 6 de junho de 2012 publicou a matéria “A vida é um carrossel”, assinada por Marcelo Marthe, na página 172, na qual aborda a nova tentativa do SBT de produzir novelas no país. A revista retrata a aposta da emissora na produção da versão brasileira da novela Carrossel, cuja produção original é da Televisa. A versão mexicana, já exibida pelo SBT, fez bastante sucesso. Inicialmente, ninguém acreditava que a estratégia daria certo, pois sua emissora não tem obtido sucesso nesse ramo nos últimos anos. Contudo, para a surpresa de muita gente, a versão tupiniquim de Carrossel tem alcançado índices de audiência expressivos, chegando a ocupar o segundo lugar de audiência no horário.
A Veja aborda o que crescimento da audiência da novela representaria para a indústria novelística do Brasil. Pelo título, “A vida é um carrossel”, podemos perceber que, para Marcelo Marthe, a posição alcançada pela novela do SBT é instável. “O apelo à nostalgia por parte do SBT e a situação lamentável na Record são faces diversas de uma só questão: as dificuldades de estabelecer uma indústria de teledramaturgia fora da líder Globo”. Para Marthe, as duas emissoras “escorregam” na produção de novelas, enquanto a Globo continua imbatível.
A revista sustenta que o crescimento de pontos no Ibope, da novela Carrossel, ocorre porque ela atende crianças, faixa que teria poucas opções na TV aberta no período noturno. As opções infantis teriam se concentrado na TV paga. “Carrossel (…) tirou audiência não só da Record e das demais redes, mas também daqueles canais (da TV paga)”. Com esse posicionamento, a revista alega que o sucesso de Carrossel não afetou a audiência da intocável Globo, mas sim dos outros canais televisivos, os quais seriam “incapazes” de atingir o status de qualidade da Globo.
A matéria deixa claro que a Veja prefere a Globo. Mas revista esconde que nos últimos anos as novelas globais têm perdido audiência e que seus enredos também se comportam como um carrossel, em função da busca por novos públicos para compensar as perdas. A trama de Cheias de Charme e Avenida Brasil, por exemplo, retratam situações cotidianas comuns da classe C, com protagonistas que representam papéis de empregadas domésticas.