‖ ‖ ‖ Kátia Vanzini ‖ ‖ ‖
A cobertura jornalística da posse de um Tribunal de Justiça costumava render apenas pequenas notas, ou, quando muito, matérias em cadernos ou veículos especializados. Raramente o Poder Judiciário, sua composição, decisões ou julgamentos eram motivo de interesse da imprensa brasileira.
Este quadro tem mudado gradualmente. Casos polêmicos como o reconhecimento da união homoafetiva, o projeto da Ficha Limpa, a aprovação de pesquisas com células-tronco embrionárias e a constitucionalidade das cotas universitárias tiveram grande repercussão nacional e receberam diversos minutos de cobertura, com trechos extraídos inclusive das próprias sessões.
A posse do ministro Carlos Ayres Britto, em abril, como presidente do Supremo Tribunal Federal é um exemplo disso. Na posse, autoridades dos três Poderes estavam presentes. A atuação do novo presidente no STF e os relatórios de sua autoria foram alguns dos enfoques das notícias nos principais telejornais brasileiros.
No Jornal Nacional, em matéria com duração de 1’ 32 , foi divulgado trecho do discurso de posse, em que Ayres Britto destacou que os poderes Executivo, Legislativo e Judiciário devem formar um pacto em defesa da Constituição Federal. “A Constituição Federal é a certidão de nascimento e carteira de identidade do Estado”, disse.
Ao comentar a permanência durante apenas sete meses frente à presidência do STF, já que em novembro o ministro completa 70 anos, quando receberá aposentadoria compulsória, a reportagem destaca que um dos objetivos do novo presidente é julgar o processo do “mensalão”.
Segundo o Jornal da Band, em matéria de 1’ 42, o desafio era o mesmo. A matéria salientou a alegada extensão do processo e os riscos de prescrição de crimes como formação de quadrilha. Britto prometeu o processo logo seria julgado.
Já a matéria do Jornal da Record, com duração de 1’ 15, observou que a troca na presidência do STF também significava a alternância de estilos: “sai o reservado e ortodoxo Cezar Peluso e entra o poeta e conciliador Ayres Britto”. E o julgamento do mensalão, com mais de 40 réus, seria o mais longo e importante processo da história da Justiça brasileira.
Outra posse bastante divulgada pela mídia foi a da nova presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Cármen Lúcia, primeira mulher a liderar a instituição. Lúcia é ministra do STF desde 2006 e atraiu as atenções durante o julgamento sobre a constitucionalidade da Lei Maria da Penha, quando afirmou que o preconceito contra a mulher também atinge ministras da mais alta Corte brasileira.