‖ ‖ ‖ Maria Thereza Pillon Ribeiro ‖ ‖ ‖
O desenvolvimento de tecnologias não é um fim em si mesmo, mas sim um meio para alcançar objetivos econômicos e sociais. Por isso, o estudo da transferência de tecnologia para o setor produtivo e de sua aplicação pela sociedade é importante.
Na indústria da informação exige-se o emprego de conhecimentos, habilidades e capacitação tecnológica, definida por Costa (2000) como a “geração da informação num computador multimídia e transferência dessa informação para outro computador com maior capacidade. Esse meio de transporte da informação de um computador para outro é a auto-estrada da informação”.
A Revolução Industrial, que desde o século XVIII levou a humanidade atingir as maiores conquistas, a partir da década de 60 do século XX teve um rápido desenvolvimento dos computadores numa “terceira onda”, a Revolução da Informação.
No Brasil a informática avançou muito nos últimos anos, não obstante a crise econômica que limitou ao extremo os recursos destinados a investimentos no setor.
Caracterização e conceito
A história da humanidade é habitualmente descrita em termos de eras cujos nomes refletem as etapas de desenvolvimento pelas quais ela passou: a idade da pedra, a idade do bronze, a idade do ferro e assim por diante, de modo a chegar até a era industrial, que estabeleceu os fundamentos de nossa sociedade industrial moderna. Hoje em dia é cada vez mais admitido em geral que ingressemos em uma nova era, uma etapa pós-industrial, em que a capacidade de utilizar a informação se tornou decisiva, não apenas para a produção de bens, mas também para os esforços que procuram melhorar a qualidade de vida. Essa nova era é cada vez mais denominada de era da informação.
A informação pode ser definida como um objeto complexo e intangível, produzida e utilizada pelo homem em um ciclo complexo que engloba processos cognitivos. O reagrupamento de várias informações pelos analistas gera o conhecimento útil para a tomada de decisão, o qual permitirá criar inteligência ao ser inserido em um contexto global.
Conhecimento é informação processada, interpretada e ligada a outras peças relevantes de informação por uma pessoa, baseando-se em seu conjunto particular de experiências. Mesmo quando duas pessoas com formação semelhante acessam a mesma informação, o conhecimento que cada uma delas retira dessa informação é único. Quando alguém usa a informação para chegar a um objeto de negócio, esta pessoa estará criando valor, ao colocar o seu próprio conhecimento para trabalhar (DEGANE, et al., 2003, p.16).
Os primeiros a definir a indústria da informação distinguiram-na das indústrias a ela relacionadas: do processamento de dados e do conhecimento, esta abrangendo setor editorial, imprensa e rádio.
A indústria da informação foi dividida em serviços de processamento de dados e serviços de administração de dados. Os primeiros consistem no tempo partilhado, e os segundos, nas atividades de disseminação dos dados, análise e investigação.
A Associação da Indústria da Informação dos Estados Unidos define o campo como composto por organismos que fornecem produtos e serviços de publicação e de informação através de novas tecnologias ou métodos de manuseio inovadores.
Obstáculos
Dificuldades da indústria da informação podem vir do mercado internacional e da interação entre público, privado e tecnologias, marco de políticas. A participação de mercado de empresas subsidiadas por fundos públicos tem levado à polarização do mérito das empresas públicas versus empresas privadas. O êxito em obter contratos de compra do governo pode ser crítico para a sobrevivência de muitas empresas.
Dificuldades técnicas podem vir da debilidade do mercado de hardware (dispositivos e periféricos) e software (sistemas de telecomunicações, gestão de dados e informações), da carência de coordenação estratégica e da falta de dados e prognósticos, além da falta e alto custo de capital, incompatibilidade dos sistemas, falta de pessoal qualificado e barreiras lingüísticas.
Contexto brasileiro
A principal modificação recente para a sociedade da informação foi a digitalização de todas as formas de informação, ou seja, o telefone, por exemplo, passou a ser digital, e a informação gerada pela mídia é armazenada de forma digital e transmitida pela internet.
O desenvolvimento de uma infraestrutura nacional de informação cria enormes oportunidades para o aparecimento de uma real e efetiva indústria dos conteúdos, virada para o mercado nacional e global. A capacidade tecnológica de mudar e reproduzir de forma digital, texto, som e imagem estabelece as condições básicas para o nascer de uma nova indústria, que tem por base a informação e o desenvolvimento de conteúdos multimídia.
Conclusões
Convivendo com a era da informação, na qual existe uma abundância de informação, devemos fazer um bom uso das tecnologias disponíveis. Teremos que ter sempre em mente a redução das enormes disparidades sociais existentes em nosso país e a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.
É necessário estabelecer novos paradigmas que privilegiem o bem comum. As verdadeiras transformações advirão de soluções que visem a coletividade e nunca objetivos pessoais.
É necessário aprimorar o exercício da cidadania, dessa vez num mundo que se quer acreditar sem fronteiras, mas que, no fundo, é composto das mesmas células individuais que se caracterizam por culturas específicas que, ao invés de serem destruídas, devem ser estimuladas e integradas numa autêntica globalização de valores positivos.
Em uma etapa de reorganização mundial de re-pensar crítico da ciência sobre a ciência, temos que alertar com muita propriedade que a indústria da informação pode ser encarada como um ponto favorável, pois não estamos num momento de destruição da razão da informação, mas sim num período de construção do nosso edifício científico.
Referências
COSTA, Eduardo M. da. Tecnologias da Informação e Pesquisa: experiência brasileira. 2000. Disponível em: <http://www.dct.mre.gov.br/boston/cap4_moreira.htm>. Acesso em: 20 mar. 2006
DEGANE, C.; LEANDRI, S.; PUCHLEY, T. Linking Knowledge and Risk Management: controlling the information flood. Risky Business, n. 7, p. 15-20. 2003. Disponível em: <http://www.pwc.com/ch/ger/inssol/publ/risk/download/pwc_riskybusiness_7_e.pdf. >. Acesso em: 25. set. 2006.