‖ ‖ ‖ Kátia Viviane da Silva Vanzini ‖ ‖ ‖
Quando se fala em accountability, normalmente é para abordar questões sobre políticas públicas, mas o termo também pode ser utilizado para o trabalho realizado pelas emissoras de televisão, rádio, jornais, revistas. Accountability pode ser definida como “sinônimo dos mecanismos que possibilitem a responsabilização das pessoas que ocupam cargos públicos, sejam eles eleitos ou não, por seus atos à frente das instituições do Estado” (Paulino, 2007, p. 177).
Paulino (2007) aponta a necessidade do debate entre o que ele chama de instituições de comunicação brasileiras sobre os Meios para Assegurar a Responsabilidade Social da Mídia (MARS).
Alguns jornais e veículos de comunicação brasileiros já utilizam algumas formas de MARS: erratas, colunas de opinião dos leitores, páginas de sugestões de matérias e eventos, coluna de ombudsman, observatórios de imprensa e códigos de ética de cada veículo, entre outros exemplos.
Pensando nessa questão, ou seja, accountabitlity dos veículos de comunicação e suas ações para promover uma maior responsabilidade social, foram avaliados, para o presente artigo, os dois principais jornais em circulação na cidade de Bauru na edição de domingo 18/09: o Bom Dia e o Jornal da Cidade.
O Jornal da Cidade publica sua Tribuna do Leitor, iniciada numa coluna na página 2 e, eventualmente, estendendo-se para uma página inteira no segundo caderno. Foram publicadas opiniões sobre temas como o preço do etanol, trânsito, meio ambiente, impostos e agradecimentos a projetos do jornal, somando 16 contribuições, que variaram de pequenos comentários a textos similares a artigos. No final da coluna, há o endereço eletrônico do veículo e o e-mail para o envio de mensagens.
Já no jornal Bom Dia, a página Sua Opinião possui uma coluna com o título “A voz e a vez do leitor”. Na edição em análise, foram nove comentários: oito sobre esporte e um sobre uma matéria publicada anteriormente. No início da coluna, o jornal oferece informações sobre o endereço – eletrônico ou físico – para o envio de colaborações.
Ainda na mesma página, dois entrevistados, com foto, opinam sobre a escalação da Seleção brasileira de futebol, e, na coluna Leitor Entrevista, uma contadora entrevista seu colega e sócio no escritório de contabilidade (com divulgação do nome da empresa) sobre as perspectivas do trabalho do profissional na área.
Na página 15, na coluna Meu Bairro, um leitor comenta as características do bairro onde mora, o Vista Alegre, mas não há telefones ou e-mails para o envio de colaborações.
Em nenhum dos comentários publicados pelos leitores nos dois jornais há críticas a matérias publicadas.
Se, de um lado, os veículos de comunicação se colocam na condição de representantes do público, como órgãos fiscalizadores dos poderes públicos constituídos e seus principais representantes, ainda há muito a fazer para cumprirem seu papel de responsabilidade social como prestadores de serviços públicos com ética e responsabilidade.
Referência: PAULINO, F. O. In: RAMOS, M. C.; SANTOS, S. (orgs.). Políticas de comunicação: buscas teóricas e práticas. São Paulo: Paulus, 2007.
PAULINO, Fernando Oliveira. Comunicações e Responsabilidade Social: Modelos, Propostas e Perspecitvas. In RAMOS, M.C,; SANTOS, S.S (org). Políticas de Comunicação – buscas teóricas e práticas. São Paulo: Paulus, 2007.