Apesar dos riscos, maioria divulga informações pessoais online


‖ ‖ ‖ Daniele Seridório ‖ ‖ ‖ 

 

Estudo realizado pela empresa de pesquisa e software Kaspersky indicou que 93% das pessoas compartilham informações pessoais no mundo virtual. O índice é ainda mais alto entre brasileiros: 96%. Outro dado preocupante é o tipo de informação compartilhada: 66% das pessoas compartilham fotos de seus filhos e, 45%, vídeos confidenciais ou fotos de outras pessoas. Além disso, 21% das pessoas afirmaram já ter repassado informações a estranhos. Mais de 16 mil pessoas de 17 países responderam ao questionário online.

O relatório da pesquisa, intitulado Stranger danger: the connection between sharing online and losing the data we love (Perigo estranho: a conexão entre compartilhamento de informações online e a perda de dados que amamos), relaciona a perda de dados com o índice de compartilhamento de informações pessoais online. Os resultados sugeriram que quanto mais informações e dados compartilhamos, maior é o risco de perdê-los. Das pessoas que afirmaram compartilhar informações, 47% perderam dados em seus smartphones, 54% em seus computadores e 20% em seus tablets. Os índices de perda entre as pessoas que não compartilharam informações caíram para 13% em smartphones, 23% nos computadores e 4% em tablets.

Outro problema foi apontado: usuários que compartilham informações são mais propensos a ter problemas com seus dispositivos. Enquanto 37% dos usuários que não compartilharam não enfrentaram problemas com seus dispositivos, 71% dos que compartilharam informações afirmaram ter sofrido com problemas em seus aparelhos: 51% lideram com propaganda indevidas, 33% das quais redirecionaram os usuários para outras páginas online, 17% tiveram as configurações de seus dispositivos alteradas sem consentimento e 14% disseram que seus aparelhos foram infectados com malware

Apesar dos riscos parecem poucos danosos, o compartilhamento de informações com pessoas estranhas faz com que o usuário perca controle sobre seus próprios dados. “Ao compartilhar informações importantes e sensíveis com outras pessoas, pressionando um botão, você abandona o controle sobre isso, porque não pode ter certeza para onde esses dados estão indo e como serão usados”, analisa Andrei Mochola, da Kaspersky. 

A pesquisa apontou ainda que as pessoas não estão compartilhando somente informações com estranho, mas também os seus dispositivos. Quarente e três porcento das pessoas afirmaram já ter entregado seu smartphone ou tablet para que estranhos tirem fotos, 32% emprestaram seu telefone para que estranhos fizessem uma chamada, e 18% permitiram que uma pessoa desconhecida o utilizasse para fazer pesquisas online.

As redes sociais são baseadas no compartilhamento de informações e em interações para criar redes de relacionamento online, e é pouco provável que as pessoas diminuam a quantidade de informações fornecida na internet. Apesar disso, é urgente que se discuta o quê, com quem e quais informações são compartilhadas, e principalmente, qual é a responsabilidade das empresas que armazenam e processam essas informações em relação à privacidade e propriedade desses dados. Se por um lado a internet é uma rica ferramenta de comunicação, por outro, enfraquece a concepção de privacidade, favorece a vigilância e é controlada por empresas que monetizam dados pessoais dos usuários.