Pesquisa revela condições para o futuro da mídia impressa


‖ ‖ ‖ Caroline Mazzer ‖ ‖ ‖

 

A Pesquisa Mundial de Tendências da Imprensa é realizada desde 1989 e analisa os avanços e as oportunidades do mercado jornalístico. Neste ano, ela revelou fatores de grande importância para o futuro da mídia impressa. Entre eles, destaca-se o desafio de combinar o alcance de público com a influência de conteúdo dos jornais em plataformas diferentes. Desenvolvida pela Associação Mundial de Jornais (WAN-IFRA), a pesquisa evidenciou que a produção de conteúdos especialmente para celulares e tablets já é uma tendência.

E para reproduzir o conteúdo para essas novas plataformas, muitos jornais estão estabelecendo parcerias com empresas de tecnologia. A medida, denominada como “conteúdo distribuído”, tem sido cada vez mais utilizada na indústria de notícias, o que, por consequência, acaba promovendo um aumento da leitura de jornais em formato digital e em dispositivos móveis.

De acordo com a pesquisa, cerca de 30% da população mundial já possui um smartphone, e o uso desses aparelhos já excede o uso da web em computadores em países como Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Itália. Daí o investimento dos jornais em redistribuir os conteúdos para outras plataformas.

Contudo, o comportamento das pessoas ao usar os smartphones ainda é limitado, e se prende apenas a alguns aplicativos específicos, como Twitter, Facebook e Youtube. “A utilização de Apps nos EUA representa 75% do engajamento móvel (…). No entanto, o tempo do usuário em smartfones é em grande parte concentrada em plataformas de mídia social e marcas de entretenimento”, evidencia o autor Teemu Henriksson na pesquisa.  Dessa forma, grande parte da leitura de conteúdos jornalísticos online acontece nessas plataformas digitais.

O conteúdo distribuído nesses aplicativos pode ser visto sobre dois aspectos principais. O primeiro deles é o auxílio na divulgação do conteúdo, que tem um alcance crescente e, portanto, ajudaria o mercado de notícias a se expandir no meio digital. Todavia, o segundo aspecto que pode ser abordado diz respeito ao sucateamento da informação, já que em muitos casos as matérias são compartilhadas e podem se distorcer nesse percurso, podendo perder credibilidade e a autoria da marca do jornal.

Além disso, ao envolver empresas terceirizadas, a produção jornalística acaba se tornando mais complexa e menos autônoma. E também a própria venda de jornais impressos acaba sendo prejudicada, o que é um aspecto negativo, considerando-se que grande parte dos lucros da imprensa ainda vem do público e não de anúncios publicitários.

Dessa forma, a pesquisa traz reflexões importantes e aponta para a necessidade dos veículos midiáticos tradicionais saberem lidar com a convergência midiática e com a atual tendência de migração dos usuários para o meio digital. Todavia, para isso os jornais ainda precisam criar formas rentáveis de disponibilizar e divulgar seus conteúdos na rede, sem prejudicar a informação de qualidade.