‖ ‖ ‖ Elaine Cristina Gomes de Moraes ‖ ‖ ‖
Com o objetivo de identificar o uso, o acesso e a apropriação das tecnologias de informação e comunicação (TIC) pelas empresas brasileiras, desde 2005 é realizada a pesquisa TIC Empresas, pelo Comitê Gestor da Internet (CGI.br), por meio do Centro Regional de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR (NIC.br). O estudo traz dados importantes que demonstram mudanças no perfil da infraestrutura das tecnologias, bem como na utilização dessas ferramentas pelas empresas brasileiras.
Os dados foram coletados no período de setembro a dezembro de 2015, de acordo com metodologias internacionais, nas empresas que possuem dez ou mais pessoas ocupadas. Sobre os procedimentos metodológicos, segundo o portal, “a amostra é obtida por amostragem aleatória simples sem reposição em cada estrato formado pelo cruzamento do mercado de atuação, região e o porte da empresa”. Os indicadores utilizados para a pesquisa referem-se ao acesso às TIC, uso da internet, governo eletrônico, comércio eletrônico, habilidades em TICs e software.
A partir dos dados obtidos, a pesquisa indica as transformações decorrentes do uso das TIC pelas empresas. Não se trata apenas de verificar a disponibilidade dessas tecnologias nas organizações, mas compreender como elas vêm sendo utilizadas e como elas têm transformado a dinâmica das empresas e sua forma de relacionar com seus públicos. Como explica Alexandre Barbosa, gerente do Cetic.br, no documento, “[…] não basta apenas ter boa velocidade de conexão à Internet, é necessário acompanhar as atividades que as empresas estão realizando na rede, sobretudo como o acesso à Internet está sendo utilizado para melhorar o desempenho e inovação […]”.
A pesquisa traz, desde a edição de 2012, os dados referentes aos tipos de equipamentos utilizados pelas empresas. Houve pouca variação nestes quatro anos, mas ainda há o predomínio do computador de mesa, com ligeira queda, mantendo-se em 96% das empresas. O notebook está presente em 69% delas, e os tablets estão em 19% das organizações pesquisadas.
A utilização da internet está praticamente incorporada à rotina das empresas pesquisadas: 98% delas utilizaram a internet nos últimos 12 meses e, de acordo com os indicadores utilizados, esse percentual sobe para 100% nas empresas com 250 ou mais pessoas ocupadas. A mudança nas dinâmicas das organizações pode ser observada a partir do uso que se faz dessas tecnologias, que vêm mudando a forma de comunicar, com a ampliação de canais e, ainda, nos produtos e serviços oferecidos ao consumidor.
Os dados indicam que as atividades realizadas na internet são variadas: 99% das empresas acessam a internet para enviar e receber e-mails e, em 94% delas, buscam-se informações sobre produtos ou serviços e 70% interagem com órgãos governamentais, ao realizar pagamentos, cobranças e solicitações online. As empresas também utilizam a internet para fazer pagamentos e consultas bancárias, monitoramento de mercado, informações sobre órgãos governamentais, informações e serviços ao consumidor, entrega de produtos e serviços em formato digital, outros tipos de transações financeiras pela internet, recrutamento de pessoal, treinamento de funcionários e videoconferências.
O estudo mostra que 57% das empresas possuem website. Também pode ser observado que as empresas que possuem perfil ou conta próprios em alguma rede social online vêm aumentando anualmente: em 2015, são 51% das organizações, contra 45% em 2014 e 36% em 2012. Há uma variedade de atividades realizadas pelas empresas nas redes sociais online, sendo que 81% as utilizam para divulgar produtos ou serviços e 78% respondem comentários e dúvidas de clientes. Isso evidencia a importância dessas redes como forma de agilizar o contato e aproximar as organizações e seus potenciais clientes. Essas redes são utilizadas, também, para postar notícias sobre a empresa e conteúdo institucional, para a promoção de produtos e serviços e, em menor porcentagem, as redes são utilizadas para a venda de produtos ou serviços e para o atendimento pós-venda ou SAC.
A pesquisa indica, ainda, que as empresas têm dedicado atenção às suas redes sociais online. 71% delas possuem pessoas responsáveis pelo monitoramento de seu perfil. Outro aspecto que o estudo abordou é a frequência de postagens: 45% das empresas postam pelo menos uma vez por semana, enquanto 20% postam uma vez por mês e 18% postam diariamente nas redes sociais. Apenas 6% responderam que postam pelo menos uma vez ao ano e 1% nunca posta. Isso mostra a mudança no perfil das organizações, que passam a considerar a importância das redes sociais online como um canal de comunicação.
O governo eletrônico também é um canal muito utilizado pelas empresas. Nos últimos 12 meses 93% das empresas acessaram com o propósito de informações e interações. Esse percentual sofreu poucas variações desde 2011, quando o índice alcançou 92%.
O comércio eletrônico, por sua vez, apresenta um leve crescimento no âmbito das empresas. Das que compraram pela internet nos últimos 12 meses, estão 63% das organizações, contra 59% na edição do estudo de 2012. Sobre as empresas que venderam pela internet, estão 21% em 2015 e 2014, e 12% em 2011. O canal mais utilizado para venda foi o e-mail, com 17% seguido do website, com 12%. Foram registrados, também, na pesquisa, a rede social, com 8%, o site de compra coletiva com 4% e outros, com 1%.
As principais barreiras enfrentadas pelas empresas são a não adequação para a venda online e a preferência pelo modelo comercial atual. Problemas como o alto custo de desenvolvimento e manutenção do website, baixa demanda de compras pela internet, segurança, exposição de produtos e preços aos concorrentes e desconhecimento da legislação também foram apontados.
A pesquisa traz importantes reflexões sobre as mudanças sociais contemporâneas. Em uma sociedade cada vez mais imersa nas tecnologias de informação e comunicação, as empresas têm buscado se adequar às novas demandas sociais e vêm ampliando seus canais de comunicação e alterando suas dinâmicas. As tecnologias aceleram o processo de comunicação, permitem o acesso às informações, a resolução de atividades burocráticas de forma virtual, introduzem novos modelos de divulgação e comercialização de produtos e serviços e, finalmente, aproximam as empresas de seus consumidores potenciais.