Aplicativo promove acessibilidade em estabelecimentos comerciais


‖ ‖ ‖ Elaine Cristina Gomes de Moraes ‖ ‖ ‖ 

 

O aplicativo guiaderodas foi idealizado por Bruno Mahfuz, usuário de cadeira de rodas há 15 anos, com o intuito de mapear a acessibilidade de estabelecimentos comerciais. Criado para auxiliar pessoas com deficiência física e mobilidade reduzida, o aplicativo é colaborativo e pode ser baixado gratuitamente em smartphones com sistema Android ou iOS.

O guiaderodas tem como objetivo “conscientizar, sensibilizar e engajar a sociedade na questão da acessibilidade, além de reconhecer e divulgar os estabelecimentos que primam por ela”, de acordo com o portal do aplicativo. A ideia é que as pessoas avaliem a acessibilidade dos estabelecimentos comerciais e, assim, esses dados se tornem públicos para auxiliar outras pessoas.

O uso do aplicativo é simples e a avaliação é rápida, levando no máximo 30 segundos. O guiaderodas emprega os dados do aplicativo Foursquare, que disponibiliza a avaliação dos usuários sobre os locais visitados. No primeiro acesso, o usuário faz seu cadastro, por meio de login e senha e identifica-se como pessoa com ou sem deficiência. Os estabelecimentos estão divididos em seis categorias: restaurantes, vida noturna, compras, diversão, hospedagem e saúde.  Para avaliar a acessibilidade, o usuário deve selecionar o local e responder algumas questões como: entrada facilitada como rampas de acesso, autonomia para circulação interna para pessoas com dificuldades de locomoção, estacionamento com vagas ou manobrista, balcão e mesas em altura adequada para usuários de cadeira de rodas, existência de fraldário e banheiro adaptado para pessoas com deficiência. Para consultar a acessibilidade do local, o usuário seleciona o estabelecimento e verifica a avaliação que está identificada por meio dos ícones coloridos: verde indica que o local é acessível, amarelo mostra que é parcialmente acessível, vermelho demonstra que não é acessível e cinza significa que o estabelecimento não foi avaliado.

Sob o slogan “uma ideia quando é boa, é boa para todos”, o aplicativo visa auxiliar não apenas usuários de cadeira de rodas, mas, também, pessoas com mobilidade reduzida como gestantes, idosos, pessoas com carrinhos de bebê e outras limitações físicas e funcionais. Em entrevista à Exame, o idealizador do aplicativo, Bruno Mahfuz, explica que os benefícios são ampliados, ainda, aos acompanhantes, pois “por exemplo, em um almoço de família, se a sua avó anda de cadeira de rodas, todos terão que ir a um local acessível”.

Em contato com Bruno, ele contou que viu muitos avanços, principalmente, na conscientização das pessoas sobre o tema. Além disso, o número de estabelecimentos com acessibilidade atualmente é bem maior do que havia há 15 anos atrás. A ideia do aplicativo era direcioná-lo, inicialmente, para cidades como São Paulo, Rio de Janeiro e Curitiba, mas há algumas cidades menores nas quais entusiastas têm promovido o uso.

Um aspecto interessante é que o aplicativo tem sido utilizado também por pessoas sem nenhum tipo de deficiência. “Temos recebido feedbacks muito legais dessas pessoas que, devido à abordagem alegre e a avaliação rápida e baseada na percepção do usuário, tem ampliado suas consciências em relação ao tema”, explicou Bruno. Por outro lado, não basta que as pessoas façam download do aplicativo em seus dispositivos móveis, mas é importante que permaneçam ativas. Para isso, os criadores do guiaderodas têm pensado em um plano de engajamento e vêm trabalhando no desenvolvimento de conteúdos exclusivos para os usuários.

A iniciativa é de grande importância para tratar dos direitos da pessoa com deficiência. O tema não deve ser restrito à legislação que determina a acessibilidade em estabelecimentos comerciais, mas é necessário considerar o direito à equidade entre os cidadãos. Acessibilidade não se constitui apenas em rampa de acesso, vaga para pessoa com deficiência ou banheiro adaptado, mas deve considerar as condições de circulação e permanência das pessoas nos locais.

Outro ponto interessante do aplicativo é que ele contribui, também, para pessoas com mobilidade reduzida temporariamente, como é o caso de gestantes ou pessoas que tenham algum tipo de fratura. Já os idosos, mesmo aqueles que não possuem nenhuma limitação na mobilidade, tendem a preferir usar elevador à escada, o que demonstra a importância da acessibilidade. É preciso colocar o tema em pauta e o aplicativo é um meio de evidenciar a questão da acessibilidade, pois, como explicou Bruno, “acredito que a função principal da iniciativa seja promover a importância do tema e engajar a sociedade na causa”.