‖ ‖ ‖ Ana Cristina Consalter Amôr ‖ ‖ ‖
Como selecionar conteúdo atraente e interativo para as redes sociais em um jornal que chega a publicar uma edição de domingo com o peso de quase cinco quilos?
De acordo com o Nieman Lab, laboratório de pesquisa em jornalismo gerido pela Universidade de Harvard, o New York Times publica diariamente em suas páginas mais de 300 histórias e apenas 50 delas são selecionadas para figurar em suas redes sociais. O trabalho de refinamento, chamado handpicking, demanda tempo, habilidade e esforço, daí a busca por uma maneira mais rápida e eficiente para o trabalho.
A resposta veio por meio do Blossom, um robô (bot) que funciona dentro do aplicativo gratuito de mensagens Slack, pode estimar se determinados artigos ou páginas serão mais acessados nas redes, além de sugerir quais matérias os editores devem preferencialmente divulgar.
Os bots são aplicações que simulam ações humanas repetidas vezes, estabelecendo padrões, e são utilizados para tarefas como disseminar mensagens e indexar conteúdo. Existem também os maus bots, que são usados para roubar ou fraudar dados.
Em matéria publicada pelo NiemanLab, o diretor de criação da Times R&D Lab, Alexis Lloyd, assinala que hoje os bots podem facilitar muitos processos nas redações, como identificar as tags utilizadas pelos leitores para acessar outros conteúdos.
Como funciona
Usuários do Slack no jornal podem consultar o Blossom e verificar quais publicações merecem compor suas páginas nas redes sociais. O objetivo é promover matérias em torno de um fato ou acontecimento em destaque que esteja apresentando maior engajamento do público. O aplicativo também produz previsões acerca dos conteúdos.
Segundo fontes citadas pela matéria, os posts para Facebook recomendados pelo bot recebem 120% mais cliques que um não recomendado. E esses conteúdos elaborados a partir das consultas no bot recebem 380% mais cliques.
A rotina de selecionar conteúdos envolve editores e gerentes de produto para descobrir quais recursos são mais solicitados e que temas devem ser priorizados. Um recurso adicional permite captar informações significativas das contas de usuários das redes, abrangendo, por exemplo, conteúdo antigo que se perdeu quando as reportagens foram publicadas pela primeira vez, mas que continuam atuais e relevantes ou que podem ser reagrupadas com outros conteúdos.
Chris Wiggins, que lidera a gestão de dados no jornal, esclarece na matéria que a tecnologia não substitui o bom senso do jornalista. O objetivo não é buscar a automação completa do processo de compartilhamento de informação, mas apenas recursos facilitadores.