‖ ‖ ‖ Elaine Cristina Gomes de Moraes ‖ ‖ ‖
O Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI) divulgou os resultados da 10ª edição da Pesquisa TIC Domicílios, realizada desde 2005, com o objetivo de mensurar o acesso e uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios e pelos indivíduos brasileiros. Foram pesquisados 19.211 domicílios com cidadãos a partir de 10 anos, em 349 municípios. A coleta de dados foi realizada no período de outubro de 2014 a março de 2015, por meio de entrevistas a partir de questionários estruturados. De acordo com os resultados, o acesso à internet vem aumentando, mas as tecnologias tradicionais de televisão e rádio permanecem no topo do ranking de consumo.
A pesquisa foi realizada em torno de duas unidades de análise. A primeira, referente aos domicílios, buscou identificar dados como a proporção de domicílios que possuem equipamentos, acesso à internet e velocidade de acesso, além de razões da ausência de acesso. A segunda unidade trata dos hábitos dos usuários, como frequência, local e motivações de uso. A pesquisa considerou, ainda, critérios como área urbana e rural, região do país, sexo, grau de instrução, faixa etária, renda familiar, classe social e condição de atividade.
Segundo os dados, 98% dos domicílios possuem televisão, 75% possuem rádio e cerca de 50% têm acesso à internet. A porcentagem de domicílios com acesso à internet aumenta entre as classes A e B, com 98% e 82% respectivamente. As classes D e E, agrupadas na pesquisa, representam 14%. As regiões brasileiras também apresentam algumas variações. A região com maior porcentagem de domicílios com acesso à internet é a sudeste, com 60%, seguida da sul, com 51%. Os menores índices estão na região norte, com 35%, e nordeste, com 37%. A área urbana predomina com 54% de domicílios com acesso à internet, contra 22% da área rural.
Outro mudança identificada na pesquisa é a preferência entre os tipos de equipamento. O tradicional computador de mesa tem sido, aos poucos, substituído pelos computadores portáteis, como os notebooks, presentes em 60% dos domicílios. O número de domicílios com tablets subiu de 12% do ano anterior para 33%. Vale mencionar, ainda, que 66% dos domicílios possuem rede wi-fi, o que facilita a mobilidade e a existência de mais de um tipo de equipamento.
O número de usuários de internet também tem aumentado anualmente, segundo os dados da pesquisa. Já são 55% de usuários, estando 96% destes na classe A e 21% nas classes D e E. O uso do telefone celular também registrou aumento, assim como o índice de acessos à internet pelo dispositivo; segundo os dados, dos usuários de internet, 76% já acessam pelo celular. Outro dado importante trazido pelo estudo refere-se às atividades realizadas na rede. A preferência está na comunicação pessoal: 83% relataram que a usam para enviar mensagens instantâneas, número seguido pela participação em redes sociais. Foram mencionados, também, o compartilhamento de conteúdos, o uso do e-mail, a busca de informações sobre produtos e serviços, assistir filmes ou vídeos, atividades e pesquisas escolares.
Se por um lado tem aumentado o número de domicílios e usuários conectados, há uma proporção significativa da população sem acesso. Entre as razões para isso, o custo elevado é a justificativa predominante, com 49%, seguida da ausência de computador, com 47%, falta de interesse e, ainda, a falta de necessidade, com 40%. Os resultados sugerem que a internet ainda não é considerada uma prioridade por uma parcela significativa da população.
Esses dados permitem algumas reflexões. A televisão e o rádio ainda predominam nos domicílios brasileiros como a maior fonte de informação, preservando, assim, um hábito de consumo, seja por comodidade ou confiabilidade atribuídas a esses meios. A internet, por sua vez, já conta com 55% de usuários brasileiros, o que é um avanço, por um lado, mas ainda é um índice baixo se compararmos com a televisão e o rádio, além de levarmos em consideração as atividades realizadas na internet, que não são, predominantemente, a busca de informações.
Há, ainda, uma parcela significativa que não considera a internet como uma necessidade. As informações estão disponíveis, mas não, necessariamente, acessadas. Conquistas importantes foram obtidas, como a lei de acesso à informação, que possibilita aos cidadãos o acesso às informações de órgãos e entidades públicas, permitindo maior transparência na gestão pública. No entanto, seja por desconhecimento, falta de hábito ou de interesse, a internet ainda é subutilizada, o que nos leva a refletir sobre a necessidade não apenas de disponibilizar o recurso, mas de educação para explorar as possibilidades de utilização e participação.