‖ ‖ ‖ Kátia Viviane da Silva Vanzini ‖ ‖ ‖
Qual é o lugar do professor nas redes sociais? Numa realidade marcada pelo amplo acesso a diferentes tecnologias, professor e aluno falam a mesma linguagem? Como coordenar a relação em sala de aula? Devemos considerar as redes sociais facilitadoras no processo de aprendizagem?
Questões como essas têm sido objeto de reflexão de educadores e pedagogos desde que o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação colocou em evidência o protagonismo das redes sociais entre públicos de diversas idades, mas, principalmente, entre adolescentes.
O minidocumentário “Uma escola entre redes sociais” procura levantar esse debate através da pesquisa Redes Sociais na Escola, sob coordenação do Observatório Jovem da Universidade Federal Fluminense (UFF). No documentário, alunos e professores comentam como encaram o uso do Facebook no ambiente educacional
Os depoimentos de professores e alunos sugerem que a unanimidade sobre o tema está longe de ser alcançada. De um lado, há a realidade dos alunos, que utilizam amplamente as redes sociais em seu dia-a-dia de maneira quase natural. De outro, professores que desconsideram esse meio de comunicação e acabam afastando e prejudicando ainda mais a relação com seus discentes.
Os depoimentos são gravados no próprio ambiente escolar, com entrevistas feitas individualmente ou em grupo. Em cada depoimento são exibidas imagens dos perfis mantidos no Facebook por alunos e professores.
Desconfiança e resistência
Embora cientes da popularidade do Facebook entre os alunos, alguns professores revelam no documentário a desconfiança quanto à potencialidade da ferramenta em sala de aula. Outros afirmam utilizar a rede social para marcar provas, repassar atividades e manter contato direto com os alunos. Os professores argumentam que se sentem desatualizados e que as escolas não estão preparadas tecnologicamente para utilizar as ferramentas disponibilizadas através das redes sociais.
Outro ponto destacado pelos professores entrevistados é a criação de laços sociais entre seus alunos através da mídia social. Alguns revelam certo receio de que sua vida pessoal acabe sendo invadida pelos alunos e questionam-se sobre como estabelecer limites em tais relações. No entanto, outros acreditam que ao acompanhar o que os alunos postam através de seus perfis torna possível conhecer melhor as características de cada um, o que às vezes não é possível no ambiente escolar.
Já os alunos encaram a resistência dos professores em utilizar as redes sociais como falta de conhecimento ou habilidades necessárias para dominar as ferramentas e a apontam a necessidade de atualização dos conhecimentos. Os alunos afirmam que sentem falta de uma nova escola, que considere as redes sociais também como uma forma de aprendizado.
Apesar das críticas e desconfianças, os depoimentos apresentados no documentário sugerem que a educação precisa reavaliar seus conceitos, principalmente no que diz respeito à utilização das redes sociais tanto como forma de condução das atividades pedagógicas, assim também pensando no seu uso para promoção da interação social.
O Observatório Jovem do Rio de Janeiro é um grupo de pesquisa vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense. O grupo iniciou suas atividades no ano de 2001 na Faculdade de Educação da UFF e passou a integrar o Programa de Pós-Graduação em Educação em 2003. O observatório está vinculado à linha de pesquisa Práticas Sociais e Educativas de Jovens e Adultos do Campo de Confluência “Diversidade, Desigualdades Sociais e Educação”.