Projeto da EBC prevê inclusão sociodigital a partir da televisão


‖ ‖ ‖ Aline Camargo ‖ ‖ ‖ 

 

O programa Brasil 4D, coordenado pela EBC (Empresa Brasileira de Comunicação), busca aumentar o acesso à informação de serviços públicos por meio da televisão digital. O projeto-piloto do programa foi desenvolvido em João Pessoa, na Paraíba, em 2012. Na ocasião, 100 famílias beneficiárias de programas sociais utilizaram a televisão digital para acessar informações sobre assistência social, direitos das mulheres, ofertas de emprego e cursos de capacitação, acesso ao calendário de vacinação, conteúdos e serviços bancários e de aposentadoria, além de serviços como extrato do FGTS.

Desde fevereiro de 2015, o Brasil 4D está em desenvolvimento no Distrito Federal, nas cidades satélites de Samambaia e Ceilândia, atendendo 300 residências de famílias beneficiadas pelo programa Bolsa Família. O projeto é destinado à população de baixa renda, oferecendo interatividade e orientação pela televisão sobre o acesso a serviços públicos.  

Apesar do crescente aumento do número de usuários da internet (44%), a televisão aberta e analógica ainda é o veículo de comunicação e informação mais disseminado no país e está presente em 98% dos lares brasileiros, de acordo com a EBC. 

A missão do programa envolve a universalização da televisão digital e de suas potencialidades, o desenvolvimento com novas tecnologias de informação, a diversidade cultural e a participação dos cidadãos nos conteúdos e serviços oferecidos pelo poder público, por meio da interatividade da TV digital.

O Brasil 4D reúne diretrizes de políticas públicas para a produção de conteúdos audiovisuais, aplicativos e informações sobre serviços acessados por meio da tecnologia Ginga, desenvolvida no Brasil para o TV digital terrestre. O sistema pode ser instalado em conversores, televisores, dispositivos portáteis e outras plataformas digitais. O Ginga tem sido visto como possível solução para a ampliação da interatividade prevista pelo padrão de transmissão digital terrestre adotado pelo Brasil. Os serviços já disponíveis envolvem a interatividade a partir de aplicativos que combinam a linguagem audiovisual televisiva (unidirecional) com aspectos de interação promovido pela internet (bidirecional).

O relatório Brasil 4D, referente à experiência do projeto-piloto desenvolvido em João Pessoa, indicou uma economia de R$ 12 por mês com transporte e lanches, principalmente para aqueles que buscam empregos. “Parece pouco, mas é muito, se considerarmos que o salário médio das famílias atendidas pelo Bolsa Família [público que recebeu os primeiros equipamentos nessa fase de testes] é R$ 173”, avalia André Barbosa, coordenador-geral do Projeto Brasil 4D e superintendente Executivo de Relacionamento da EBC.

De acordo com o relatório, das 100 famílias beneficiadas na Paraíba, 72% tiveram facilidade para usar a tecnologia; 64% reduziram as despesas da casa; e 12% tiveram aumento de renda, seja por meio dos cursos de capacitação ou das ofertas de emprego.

O relatório, baseado em um estudo feito pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), fez projeções e indicou que, caso o Projeto Brasil 4D seja estendido a 10 milhões de famílias, ele representaria, em dez anos, uma economia de R$ 7 bilhões.

A expectativa é que cerca de 14 milhões de famílias sejam beneficiadas com a ajuda de parte dos R$ 3,6 bilhões em recursos obtidos como forma de compensação, pagos pelas empresas de telefonia móvel que usarão a faixa de 700 Mhz também para a troca de transmissores e antenas das empresas de radiodifusão que terão de migrar da faixa, e para a divulgação dessa mudança.