‖ ‖ ‖ Elaine Moraes ‖ ‖ ‖
A Pesquisa Brasileira de Mídia 2015, encomendada pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República ao Ibope, apresenta os hábitos de consumo de mídia pela população brasileira. Em tempos marcados por inúmeras transformações culturais e sociais resultantes da chamada era da “midiatização”, a pesquisa revela que o consumo dos meios de comunicação tradicionais, como a televisão e o rádio, ainda é predominante. No entanto, dados revelam aumento no acesso à internet e o surgimento de diferentes meios de acesso relacionados às plataformas digitais.
Com mais de dezoito mil entrevistados, a pesquisa foi realizada em novembro de 2014 e divulgada em 19 de dezembro pelo Ministério das Comunicações. É uma análise descritiva, ilustrada por gráficos segmentados fatores como região, gênero, renda familiar, faixa etária, frequência e razões de uso. Os resultados apresentam algumas diferenças entre os dados obtidos na pesquisa anterior, como o aumento do número de usuários da internet e as novas formas de uso, como o acesso pelo aparelho celular.
De acordo com a pesquisa, a televisão ainda é o veículo mais utilizado pelos brasileiros. Dos entrevistados, 95% afirmaram que assistem TV e, destes, 73% assistem diariamente. O consumo deste meio foi atribuído a diversas razões que vão desde à informação com 79%, diversão e entretenimento, passar o tempo e, ainda, 11% declararam que a televisão é uma companhia. Apesar de a televisão ser o veículo mais utilizado pelos brasileiros como meio de informação, apenas 23% disseram que não realizam outra atividade enquanto a assistem.
O rádio ainda é o segundo meio de comunicação mais utilizado. Houve uma queda no percentual de ouvintes com relação à pesquisa realizada em ano anterior, mas, por outro lado, registrou-se aumento no número de pessoas que ouvem o rádio diariamente. O jornal é um meio pouco utilizado pelos brasileiros, sendo mais consumido por homens e é considerado o de maior confiabilidade. 76% dos entrevistados disseram que não leem jornal, mas 84% dos leitores estão em busca de informação. As revistas também apresentaram baixo índice de consumo, apenas 13% afirmaram ler revista uma vez por semana ou mais. Porém, o jornal e a revista são os meios que apresentaram índices mais elevados de atenção exclusiva.
Transformações
Novos hábitos foram revelados a partir do uso da internet. Segundo a pesquisa, os brasileiros passam mais tempo navegando na internet do que assistindo televisão, sendo que 32% não realizam nenhuma outra atividade enquanto acessam a internet. Quase metade da população, 48%, têm acesso à internet. Dos entrevistados, 42% declararam que a internet é o meio de comunicação mais consumido, elevando-a ao terceiro lugar no ranking dos meios mais utilizados, ficando atrás apenas da televisão e do rádio. O número de usuários que acessam a internet diariamente aumentou de 26%, na pesquisa de 2014, para 37%. O acesso pelo computador, ainda predominante, diminuiu, em relação à pesquisa anterior, em contraposição ao acesso pelo celular, que subiu para 66%. O facebook constitui uma importante fonte de informação e, uma das revelações desta edição da pesquisa foi o uso do aplicativo whatsapp, com 58% dos entrevistados.
Apesar do crescimento significativo do uso da internet, a confiabilidade no veículo ainda é baixa. Os meios tradicionais como televisão, rádio, jornal e revista foram considerados mais confiáveis que a internet. 52% dos entrevistados consideram sempre ou quase sempre confiáveis as notícias veiculadas nesses meios e 43% nos anúncios publicitários. Sobre as notícias divulgadas em sites, blogs e redes sociais, apenas 27% disseram confiar sempre ou quase sempre e a confiabilidade nos anúncios publicitários cai para 23%.
Verifica-se, portanto, que os hábitos de consumo de mídia dos brasileiros estão mudando. A internet, veículo mais recente entre os analisados na pesquisa, tem transformado significativamente não apenas os hábitos dos brasileiros, mas os próprios meios tradicionais como televisão, rádio, jornal e revista, que inseriram novas formas de relacionamento com seu público, por meio de plataformas digitais. Pesquisadores e profissionais de comunicação têm, por meio da pesquisa, importantes dados para direcionamento de suas ações e, obviamente, um desafio em termos de assertividade em uma época de rápidas transformações.