A periferia pela lente de seus moradores


‖ ‖ ‖ Ana Cristina Consalter Amôr ‖ ‖ ‖ 

 

O blog Mural, produzido por estudantes e profissionais de jornalismo que veiculam notícias de dezenas de bairros da cidade de São Paulo, divulgou a realização do minidocumentário O que é periferia?, produção com a duração de seis minutos com visões daquilo que geralmente é percebido pelas pessoas como um problema único ou uma condição única de existência. É possível conferir que, apesar dos traços comuns, cada localidade tem suas características, suas particularidades, suas especificidades e, sobretudo, seus pontos positivos.

E o objetivo do material é justamente esse: “ver a periferia de uma perspectiva muito maior do que a que sempre aparece nos programas policialescos”, que insistem em mostrar essas regiões como localidades propícias para a disseminação do medo, do crime, do tráfico e da morte, como descreve o blog.

A diretora e roteirista Renata Asp quis difundir a visão do que é periferia por quem mora e se sente parte dela. “A palavra periferia nem sempre é entendida por quem mora nela e muitas opiniões surgem a partir daí. É uma tentativa de desvendar o significado da palavra através de moradores de diversas regiões da capital paulista e também da grande São Paulo”, explica.

A produção traz depoimentos de moradores de Carapicuíba, Brasilândia, Pirituba, Taipas, Guaianases, Jardim Rincão e Paraisópolis sobre suas experiências diárias. 

Ana Maria da Cunha Oliveira, de Carapicuíba, é enfática: na periferia não há felicidade. Maria do Socorro, de Pirituba, diz que a periferia “descaso por parte do poder público”.

“O que é periferia” denuncia situações como falta d’água e exclusão dos moradores pelas políticas públicas.

E em meio a tantos relatos negativos, surgem aqueles que consideram a periferia como o melhor lugar para se viver, como é o caso de Edilson Camargo Platero, de Carapicuíba. “Para mim, a periferia é o melhor lugar para se viver porque o povo, quanto mais carente, mais solidário é”. Geraldo José Filho, de Paraisópolis, confirma: “aqui as pessoas são mais amigáveis, mais colaborativas”.

“As pessoas que vivem na periferia lutam, trabalham e sonham para que seus filhos tenham um futuro melhor”, diz o adolescente Hugo Yuri Tavares de Lima.

A produção explora cenários naturais e a espontaneidade dos personagens, seguindo o avanço das mídias digitais para histórias não ficcionais, nas quais a visão pessoal e independência ganham força, e o público passa de coadjuvante a ator principal.

A trilha sonora é de bandas como Artevidádiva, Caminho Suave e Coruja BC1.