Pesquisa confronta privacidade na rede


‖ ‖ ‖ Lucas Zanetti ‖ ‖ ‖ 

 

Pesquisa divulgada recentemente causou polêmica e reforçou o debate sobre a privacidade nas redes sociais. O estudo buscou conhecer a influência das informações online sobre o humor dos usuários, através da observação de suas postagens e interações com outras pessoas.  Para isso, quase 700 mil usuários tiveram sua página manipulada e sua linha do tempo vigiada sem aviso prévio da empresa.

O estudo indicou que quando os usuários tinham sua página preenchida com informações negativas, suas próprias postagens tendiam a se tornar negativas também.

A pesquisa não foi bem recebida pelas organizações que defendem a privacidade dos usuários, que exigiram esclarecimentos da empresa. O Facebook se desculpou sobre o ocorrido, e o jornal científico que divulgou a pesquisa afirmou em editorial que se arrependeu da publicação.

Este caso nos conduz a refletir sobre algo que há muito vem sido questionado: até que ponto uma empresa tem o direito de utilizar as informações que fornecemos? É importante lembrar que, quando criamos uma conta, assinamos um termo de adesão às políticas da empresa. Dessa forma, temos que lidar com suas implicações.

Segundo o próprio Facebook em sua política de privacidade, os dados pessoais podem ser usados “para operações internas, que incluem correção de erros, análise de dados, testes, pesquisa, desenvolvimento e melhoria do serviço”. É este tipo de imprecisão que abre margem para situações como a da pesquisa, uma vez que pode ser interpretada de diversas formas.

As informações fornecidas para o site ficam armazenadas em um banco de dados. O próprio Facebook direciona o que julga ser do nosso interesse para o feed de notícias. Nada do que aparece em nossa linha do tempo é por acaso, pois se baseia nos registros anteriores para mostrar apenas informações relacionadas a coisas que já foram anteriormente curtidas, compartilhadas ou comentadas. Além disso, informações são cedidas aos anunciantes, que levam os produtos “certos” para pessoas “certas”.

Com tanta gente fornecendo informações, a rede social se torna uma arma poderosa, que pode ser usada com diversas finalidades. O evento ocorrido recentemente só reforça a importância de garantir de maneira efetiva o sigilo dos dados fornecidos. Com a manipulação, a questão deixa de ser individual e passa a ser de toda a sociedade. Contudo, com a política atual, a única maneira de estar totalmente seguro é não possuir uma conta.

 

A imagem exibida é da prisão panóptica de Isla de Pinos, em Cuba. O princípio do panóptico consiste em um aparato físico através do qual um operador central seria capaz de vigiar todos aqueles submetidos ao sistema. Implantado efetivamente em penitenciárias, serve como metáfora da vigilância em escolas, ambientes de trabalho e, atualmente, para sistemas de mídia e redes sociais.

 

Créditos: “Presidio-modelo2” by Friman – Own work. Licensed under Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 via Wikimedia Commons – http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Presidio-modelo2.JPG#mediaviewer/File:Presidio-modelo2.JPG