‖ ‖ ‖ Paulo Palma Beraldo ‖ ‖ ‖
Quando a notícia vira conhecimento? A questão é, com frequência, tema de debate entre profissionais e pesquisadores da comunicação. Mas as resposta são divergentes. Uns acreditam que a notícia torna-se conhecimento quando agrega algo para o ser humano; outros pensam que as notícias simplificam o conhecimento e, por vezes, degradam-no.
Talvez possa não ser de conhecimento geral que o ex-prefeito paulistano Paulo Maluf (1993-1996) tenha sido condenado e tenha tido seus direitos políticos caçados, conforme divulgaram os principais jornais brasileiros em novembro. Mas talvez seja conhecimento entender que tirar proveito de patrimônio público impede um candidato de concorrer a um cargo público por um dado período de tempo. Talvez ainda esteja o conhecimento dentro de uma notícia.
Outro aspecto interessante é a necessidade de legitimação, a credibilidade, que uma notícia precisa deter para ser aceita pelo público. A credibilidade de quem conta o fato interfere na questão. Foi, por exemplo, o que ocorreu quando Osama Bin Laden havia sido morto. Diversas redes de televisão e meios de comunicação se recusavam a publicar o fato sem antes ver quem garantia que aquela informação era real.
“Existe informação demais para que a maioria das pessoas possa prestar atenção – muito menos, decidir se acreditam ou não. Portanto, a maioria das pessoas confia em outras instituições, como as organizações jornalísticas, que lhes digam quais as informações que merecem atenção. As pessoas não só deixam de dar atenção às informações antes que estas sejam reconhecidas por uma instituição de autoridade, como as transformam, pois todo mundo sabe que todo mundo está prestando atenção a elas. E aí as coisas deixam de ser informações e passam a ser conhecimento – fatos aceitos, de maneira geral, que as pessoas usam para construir sua compreensão daquilo que todo mundo sabe sobre política”, explica Henry Farrell, professor de Ciência Política e Assuntos Internacionais da Universidade George Washington, em texto publicado no Washington Post e traduzido para o Observatório da Imprensa.
É por isso que o novo projeto do jornalista americano Glenn Greenwald, reconhecido internacionalmente após publicar notícias revelando as ações de espionagem da Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA) é digno de nota. Os planos de Glenn e outros dois jornalistas – Laura Poitras e Jeremy Scahill, ambos vindos do jornal The Nation – são voltados para a plataforma digital. A ideia é criar conteúdo de qualidade pautado na investigação e em grandes reportagens.
Segundo foi divulgado, o investimento inicial sugere a seriedade do negócio em questão: 250 milhões de dólares, bancados por Pierre Omydiar, fundador do site eBay. Glenn Greenwald nasceu em 1967, na Flórida, e é formado em Direito. Mora no Rio de Janeiro desde 2005 e já escreveu três livros: “How Would a Patriot Act?, de 2006, “A Tragic Legacy” (2007) e “With Liberty and Justice for Some” (2011). O eBay é uma empresa americana de comércio eletrônico fundada em 1995. É um dos maiores sites do mundo de compra e venda de bens e está presente em diversos países.