Pesquisa revela aspectos do perfil do jornalista brasileiro


‖ ‖ ‖ Amanda Tiengo ‖ ‖ ‖ 

 

A categoria jornalística brasileira é formada, em sua maioria, por mulheres de 18 a 30 anos com curso superior, segundo pesquisa lançada em maio pelo Núcleo de Estudos sobre Transformações no Mundo do Trabalho da Universidade Federal de Santa Catarina. O estudo, que integra o livro “Perfil do jornalista brasileiro: características demográficas, políticas e do trabalho jornalístico em 2012” (Editora Insular, R$ 30), foi realizado pelo Programa de Pós-Graduação em Sociologia Política, em convênio com a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), e teve o apoio da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJor) e do Fórum Nacional de Professores de Jornalismo (FNPJ). A pesquisa foi

Como metodologia, a pesquisa contou uma enquete feita com 2731 jornalistas que participaram de maneira espontânea. Para Jacques Mick, um de seus coordenadores, a pauta de reivindicações da categoria poderá ser aprimorada a partir dos resultados obtidos, que também podem ser úteis para a regulação, pelo Estado, d expansão da oferta de cursos superiores.

Condições de trabalho

A pesquisa demonstrou que a maioria dos jornalistas profissionais trabalha em veículos de comunicação e produtoras de conteúdo. 40% trabalham com outras ações, mas que envolvem conhecimentos jornalísticos, como assessoria de comunicação ou de imprensa, por exemplo. Apenas 5% trabalham com docência na formação superior, jornalística ou não.

Três em cada quatro jornalistas têm registro no Ministério do Trabalho como jornalista profissional. Dois terços do total ganham até cinco salários mínimos, e metade trabalha mais que oito horas por dia.

Em geral, a maioria daqueles que trabalham na mídia têm carteira assinada. Apenas um quarto é de freelancers, contratados como pessoa física, enquanto que entre os jornalistas que trabalham fora da mídia, apenas quatro em cada dez possuem carteira assinada, a maioria como assessor de imprensa ou de comunicação.

O estudo revelou que os jornalistas que atuam fora da mídia mostraram-se, em média, mais satisfeitos com seu trabalho do que os profissionais de mídia.

Discussões e desdobramentos

Outro indicativo do perfil jornalístico brasileiro revelado pela pesquisa se refere à exigência de diploma para a profissão. Segundo os dados apresentados, de cada dez jornalistas, nove são diplomados. Mais da metade do total pesquisado defende a necessidade da diplomação específica de jornalismo para exercer a profissão. De todos os jornalistas entrevistados, três quartos defendem a autorregulamentação para o jornalismo.

Outro aspecto importante é que 89% da categoria têm diplomação específica de jornalismo e, 40%, curso de pós-graduação. “Esses dois dados demonstram que a abundante oferta de cursos superiores na área transformou significativamente a composição do campo profissional,  e que esses trabalhadores estão em atividades de ponta na chamada sociedade da informação, o que lhes pressiona na direção da formação continuada”, diz Mick.

“Havia muito chute sobre, por exemplo, as dimensões da categoria, o número de trabalhadores sem registro, o número de jornalistas sem diplomas, a distribuição da categoria na mídia e em assessorias de imprensa”, sustenta Mick. Com os dados mensurados, é possível estabelecer discussões mais concretas sobre a verdadeira situação do trabalho jornalístico no Brasil.