Infografia também pode ser ferramenta de comunicação pública


‖ ‖ ‖ Kátia Viviane da Silva Vanzini ‖ ‖ ‖

 

A Ação Penal 470, referida pela maioria da mídia como julgamento do mensalão, é abordada exaustivamente. Talvez a maior dificuldade encontrada tanto por profissionais que transmitem as notícias, quanto pelo público consumidor, seja a de facilitar o entendimento de termos técnicos.

Para tentar facilitar a compreensão de trâmites judiciais, são vários os instrumentos utilizados pelo jornalismo: quadro explicativo, linha do tempo, retrospectiva, passo a passo do julgamento, glossários, imagens dos principais momentos etc.

No entanto, há alternativas que merecem destaque pela utilização das possibilidades representadas pelas tecnologias de informação e comunicação para facilitar o entendimento e motivar o acompanhamento das principais notícias.

Uma dessas possibilidades foi utilizada pela Veja Online, com infográficos sobre características do processo. As imagens possuem links que remetem a informações sobre o resumo da atuação do acusado no crime, crimes pelos quais está sendo julgado e um breve perfil. Em “Diário do Julgamento”, o infográfico faz um resumo do dia a dia do processo, com links para mais informações sobre as estratégias dos advogados de defesa dos vários réus, cenas do julgamento, debates em vídeo com jornalistas e especialistas na área, argumentação da Procuradoria Geral República etc. Em “O que dizem os réus”, há o acesso a arquivo em PDF com as alegações finais da linha de defesa de cada um deles. Em “Ordem do Tribunal”, a sequência do julgamento pode ser acompanhada. O Portal G1 construiu recurso semelhante.

Infografia na comunicação pública

Já muito utilizado no jornalismo comercial, o recurso da infografia também tem sido explorado na comunicação pública, em especial pelo Poder Judiciário, como ferramenta para o enriquecimento de informações, tornando os conteúdos, além de didáticos, interativos.

Já existem exemplos do uso de infográficos nos sítios de alguns tribunais brasileiros. O Tribunal de Justiça do Acre, por exemplo, disponibiliza um infográfico para divulgação e acompanhamento do Projeto de Virtualização, que estabelece o trâmite dos processos. O recurso ainda é usado para representar a digitalização de um acervo de 93 mil processos. É possível verificar como é o andamento do projeto, seu cronograma, a importância do uso do processo eletrônico e seus benefícios.

STJ Júnior – aproximação com o público infanto-juvenil

Outra realização interessante é o sítio do STJ Júnior, que utiliza as ferramentas da infografia e das tecnologias de informação e comunicação para aproximar suas ações do público infanto-juvenil. No portal, há uma série de infográficos para explicar como funciona o Superior Tribunal de Justiça, utilizando personagens com nomes “Toguinha”, “Judi”, “Mutatis” e “Caliandra” para interagir com as crianças. Há também páginas com jogos como Fazendo Arte, Palavra Oculta, Jogos das Compras, Encontre o Par, todos com assuntos relacionados ao tribunal, ao Judiciário e à cidadania.

No entanto, o que se percebe é que as potencialidades proporcionadas pelas tecnologias no âmbito da comunicação pública do Poder Judiciário ainda não estão sendo utilizadas com todo seu potencial.

Além de servir como um mais campo de atuação da comunicação pública para divulgação de informações, visibilidade das instituições, prestação de serviços, aproximação com a sociedade e transparência de suas ações, o uso das novas tecnologias pode vislumbrar a criação de espaços públicos virtuais para a construção de decisões compartilhadas através de fóruns, consultas públicas e outras formas de participação, num quadro que se aproxima do ideal democrático deliberativo.