Acessibilidade digital como direito


‖ ‖ ‖ Fabíola Liberato ‖ ‖ ‖

 

Pesquisa divulgada em agosto pelo Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão analisou 200 sítios de serviços do Governo Eletrônico Brasileiro a fim de verificar os problemas mais comuns de acessibilidade.

A análise das páginas com serviços e informações foi realizada, inicialmente, por validação automatizada, e posteriormente por especialistas que verificaram problemas de usabilidade e comunicabilidade e apontaram possíveis soluções. Foram apontados os aspectos em desacordo com padrões estabelecidos pelo Modelo de Acessibilidade do Governo Eletrônico (e-MAG), elaborado para que a acessibilidade nos sites governamentais seja padronizada e de fácil implementação. O relatório descreve a metodologia utilizada pela pesquisa, para que sirva de modelo para orientar avaliações futuras. Cada página analisada gerou um checklist desenvolvido em forma de perguntas com dados, erros e sugestões de melhorias.

Os 200 sites avaliados apresentaram erros em relação à acessibilidade. Para melhor visualização das falhas, o relatório apresenta os dez erros principais e a porcentagem de ocorrência de cada um. Em primeiro lugar, 95% dos links não apresentam descrições curtas e objetivas ou não identificam o destino a qual remetem. Em segundo lugar, com 93% de freqüência, as camadas lógicas não estão organizadas corretamente, o que pode gerar a perda de foco na navegação. Em terceiro lugar, em 89% dos sites analisados não existe a opção de alto contraste, para deficientes visuais, ou ela não funciona corretamente. O quarto erro mais comum, com 86%, são as imagens não corretamente etiquetadas (as imagens devem oferecer recursos alternativos que possam ser identificados por softwares leitores de tela). Em quinto lugar, também com 86%, há ausência de links indicadores nas páginas. O sexto lugar apresenta 82% de falha na estrutura das páginas, nas quais não há divisão clara das áreas de informação. O sétimo erro mais freqüente, com 80%, são os títulos que não apresentam ordem lógica. Na oitava colocação, com 79%, aparecem formulários que não funcionam corretamente. Em nono lugar, aparecem com 78% a ausência ou a descrição errônea de atalhos para facilitar a navegação. E a décima posição, com 72% de freqüência, ocorre na existência de tabelas implementadas de forma incorreta (deveriam ser utilizadas apenas para dados tabulares).

De forma geral, pode-se considerar que as páginas analisadas precisam de melhorias. As porcentagens de freqüência dos erros são altas, superiores a 70%, e isso demonstra a falta de acessibilidade verificada nos sítios analisados. Os erros mais freqüentes dificultam o acesso a informações. A recomendação de seguir o Modelo de Acessibilidade do Governo Eletrônico (e-MAG) facilitaria a reformulação dos sites.

Mudanças de estrutura, links, imagens, divisão de informações, títulos, cores e tabelas são trabalhosas, mas realizáveis. O ideal é que o site seja criado de forma acessível com o objetivo de atender as necessidades dos portadores de deficiência, de modo que possam compreender, utilizar e interagir com as páginas, absorvendo informações úteis e contribuindo com conteúdos.  Uma página projetada de forma acessível permite a participação de pessoas portadoras de necessidades especiais, assegurando oportunidades iguais para os cidadãos, como direito de todos.

Alguns sites avaliados foram: Presidência da República; Secretaria de Comunicação Social; Anac; Capes; Banco Central do Brasil; Governo Eletrônico; Plataforma Lattes; e Doações Fome Zero.