‖ ‖ ‖ Lucas Loconte ‖ ‖ ‖
Em agosto, passou a ser transmitido ao vivo pela TV Brasil o programa Brasilianas.org, apresentado pelo jornalista Luís Nassif e exibido às segundas-feiras, às 22h. O programa estreou em março de 2010 com a proposta de discutir políticas que podem ajudar o desenvolvimento do país e a qualidade de vida.
Abordando temas estratégicos para o desenvolvimento do país nos próximos anos, o programa procura criar e aprofundar debates por meio da construção do conhecimento. Com uma proposta de “promover mais do que grandes debates” — que não se encerram no espaço físico do estúdio, mas estendem-se pela internet —, o projeto cria uma rede que integra especialistas, representantes dos setores público e privado e o público de maneira participativa. A ideia é reunir informação e conteúdo sobre programas e políticas públicas e promover um ambiente híbrido em que televisão e internet se complementem através das páginas do próprio programa e de Nassif.
O primeiro programa ao vivo, transmitido em 8 de agosto, enfocou o Plano Nacional de Banda Larga (PNBL), com a participação do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, Eduardo Levy, diretor executivo do Sindicato Nacional das Empresas de Telefonia e de Serviços Móvel Celular e Pessoal (Sinditelebrasil) e o sociólogo e professor da Universidade Federal do ABC Sérgio Amadeu.
O novo modelo do programa permite que pessoas de grande influência expressem suas opiniões de maneira sincera e sem edição, além de possibilitar a participação em tempo real do público com a utilização de mídias sociais, como o blog do programa.
Banda larga
O Plano Nacional de Banda Larga foi lançado oficialmente em maio de 2010 com o objetivo de massificar até 2014 a oferta de acessos de internet banda larga, chegando a 40 milhões de domicílios. A meta é oferecer velocidades de 1 Mbps com preços a partir de R$ 35. Em comparação, as mensalidades de planos com a mesma velocidade oferecidos hoje pela maioria das operadoras no Estado de São Paulo custam a partir de R$ 39,90. Pelo PNBL, a banda larga poderá chegar a R$ 29,90 nos Estados que aceitarem retirar o ICMS do serviço.
No programa, o sociólogo Sérgio Amadeu defende que ocorra a inclusão do PNBL no PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), ao lado de políticas sociais tão importantes quanto saneamento básico e energia elétrica. “Banda larga é infraestrutura básica para uma sociedade na era da informação, mas é cara, difícil de fazer e difícil de manter”, justificou. Ele vê com bons olhos a participação da Telebrás, companhia estatal, como fornecedora de redes para internet.
A nova proposta exige que, até 2012, pelo menos 60% da velocidade contratada pelo consumidor seja oferecida pela operadora. Nos anos seguintes, a serem definidos, a porcentagem obrigatória subirá para 70% e 80%.
Sérgio reclama da falta de regulamento sobre a qualidade da internet no país. Uma das principais críticas feitas no programa é que a velocidade de 300 KB não será suficiente para beneficiar o acesso à informação, em especial entre as camadas menos favorecidas da população, como se espera do PNBL.
Já Eduardo Levy explicou que os serviços da internet 3G são deficientes, mesmo em regiões metropolitanas do país, porque as expansões dos serviços de sinal para transmissão dessa tecnologia sempre ocorrem no mesmo passo que o aumento da demanda. Já as dificuldades que envolvem a transmissão das demais tecnologias (fibra ótica, acesso ADSL ou modem a cabo) são relacionadas à legislação, em muitas cidades.
“O Brasil tem hoje uma dificuldade muito grande para se fazer a implantação de infraestrutura, por diversas razões: existem mais de 200 legislações diferentes por municípios e Estados. Tem municípios em que para se fazer a implantação de uma estação radiobase [equipamentos que fazem a conexão entre os telefones celulares e a companhia telefônica], é necessário, num raio de 200 metros, ter a autorização por escrito de 65% dos proprietários dos imóveis de determinada localidade. Mas não há problemas de recursos e tecnologia para que se faça isso”, completou.
Amadeu destacou o caso da Índia, que levou a internet para localidades de baixa atividade econômica. A disponibilidade de banda larga naquele país ofertou empregos em regiões que antes não tinha capacidade de produzir riquezas. Para tanto, o governo local fez investimento em redes de alta velocidade, e não apenas de 300 KB para download, como propõe o PNBL, num primeiro momento. “Com essa capacidade, uma pessoa não conseguirá fazer ensino a distância do MEC [Ministério da Educação], porque os 300 KB não vão dar conta dele fazer 4 dias de estudos”.