‖ ‖ ‖ Regiane Folter ‖ ‖ ‖
Julian Assange e WikiLeaks são considerados por muitos como os novos símbolos do jornalismo investigativo, já que essa organização transnacional sem fins lucrativos, da qual Assange é um dos fundadores, foi criada em 2006 e logo ganhou o mundo com suas publicações: documentos, fotos, testemunhos e informação sigilosa vazada de governos e empresas. Podem ser assuntos estratégicos, políticos, econômicos ou diplomáticos, e dizem respeito a governos nacionais e suas sociedades, mas são mantidos em segredo.
O WikiLeaks traz matérias de jornalistas independentes que analisam documentos e informações importantes, indicando de que forma atingem e influenciam a sociedade. O site também disponibiliza os documentos, para que o leitor possa comprovar a veracidade do que as reportagens tratam e tirar suas próprias conclusões.
Assange, que cumpre prisão domiciliar por ser acusado de estupro na Suécia, alega que o julgamento pelo qual está passando é fruto do interesse dos inimigos em mantê-lo silencioso. No Brasil, as informações do WikiLeaks tem constituído material para reportagens de vários veículos. Em muitos casos, os dados não estão disponíveis ao público na página da organização e são repassados com exclusividade a determinados jornais.
A Pública, agência sem fins lucrativos de jornalismo investigativo, anunciou acesso privilegiado às informações vazadas pelo WikiLeaks. O relacionamento entre WikiLeaks e Pública foi consolidado durante a Semana Wikileaks, em junho, na qual documentos diplomáticos inéditos referentes ao Brasil que estavam de posse do WikiLeaks foram veiculados pela Pública. Cerca de 2500 documentos produzidos entre 2004 e 2010 foram lidos e analisados por uma equipe de jornalistas independentes e transformados em 50 matérias disponibilizadas pelo site. São eles documentos da embaixada em Brasília, de consulados em São Paulo, Recife e Rio de Janeiro, despachos de outras embaixadas referentes ao Brasil, telegramas institucionais e conversas registradas. Em vídeo disponível na página da Pública, Assange defende o direito dos brasileiros em conhecerem esses documentos e fala da parceria entre as duas organizações.
Em entrevista à revista Trip, Assange vê o Brasil como um local estratégico: “O Brasil é um poder alternativo bem interessante na região, a ponto que, nas Américas, há os Estados Unidos e há o Brasil. (…) Por isso é tão importante que o Brasil mantenha sua influência e siga caminhando na direção certa, até porque, se for na direção errada, desestabiliza toda a América do Sul”.