A educação com medo da tecnologia


‖ ‖ ‖ Lucas Esteves ‖ ‖ ‖

 

Mesmo hoje ainda existe muita resistência no meio pedagógico com relação aos recursos da tecnologia digital. Com frequência, os professores ainda não sabem como utilizar corretamente as redes sociais e não admitem que elas possam funcionar de modo a acrescentar para a educação.

Foi sobre esse assunto que José Armando Valente, pesquisador em tecnologias na educação e coordenador associado do Núcleo de Informática Aplicada à Educação (Nied) da Unicamp, falou em entrevista à Carta Capital (edição de 17 de maio de 2011).

Segundo Armando, a inclusão digital não se restringe mais ao acesso à computadores e internet em si, mas à forma como esses usuários se comportam no meio online. É muito importante que as pessoas passem por um processo de educação nesse sentido, no qual elas aprendam como tirar benefícios para si do uso da internet e não saiam prejudicadas pelos seus vários malefícios. É nesse contexto que a escola seria uma importante agente no processo de formação digital da população. O que se observa, no entanto, é uma involução, uma vez que as escolas ainda tendem a enxergar com certo preconceito e resistência o uso das redes sociais.

No entanto, mesmo Armando reconhece que esse processo de incorporação da tecnologia digital e de adaptação a ela não é fácil. Ele julga que nem o Brasil, nem nenhum outro país no mundo esteja pronto para ele. Uma das maiores dificuldades de implantar as tecnologias nas salas de aula é a própria adaptação dos professores e a forma como eles podem utilizá-la. “A educação na era digital é bastante colaborativa, envolve interação e compartilhamento. O professor tem de sair do pedestal, a internet não tem nada a ver com isso e, uma vez que ela esteja presente em sala de aula, essa relação muda”, disse à Carta Capital.

Mas uma vez que as mudanças educacionais ainda estão nas mãos da política, nos deparamos com um impasse: enquanto as mudanças políticas são lentas e graduais, a tecnologia evolui e muda em questão de meses. Desse modo, é necessário, primeiramente, que as políticas educacionais tentem prever essa evolução, preparando o terreno para que a educação possa usar o máximo da tecnologia digital a seu favor.