‖ ‖ ‖ Marina Mazzini Rodrigues ‖ ‖ ‖
O número de casas que dispõem de banda larga no Brasil ainda é muito restrito, por isso há o desafio do governo de massificar esse serviço. O país fica abaixo da média no índice mundial de densidade em banda larga, diferentemente do que acontece com telefones móveis e fixos, e o preço ainda é muito alto, comparado com países desenvolvidos, apesar de no Brasil ter diminuído quase pela metade em 2010. O nível de acesso no país é de cinco a cada 100 habitantes, enquanto países como a Suécia, que obtém a maior densidade, possui nível por volta de 40, segundo pesquisa feita pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) em 2010.
Em 2010 foi anunciado pela Presidência da República o Plano Nacional de Banda Larga. A Telebrás deve ser responsável pela maior parte da implementação do serviço.
A inclusão social atualmente traz o desafio da inclusão digital, pois ambas estão interligadas. A digital já se tornou um direito de cidadania e coloca-se como um meio de garantir e dar acesso a outros serviços, pois por meio da internet e da banda larga as pessoas produzem conhecimento, além de estarem incluídas no mundo globalizado da internet. Falta pouco para se dizer que a democracia depende também do acesso às tecnologias da informação, pois as pessoas marginalizadas terão menos cultura, emprego e participação democrática. Portanto, o programa de massificação da banda larga pode ser um meio de diminuir desigualdades sociais. Saber usá-la já é outra discussão, mas para isso é preciso ter o acesso.
Entidades da sociedade civil apoiam o plano de universalização da banda larga no Brasil e divulgaram uma carta aberta com sugestões de diretrizes para o governo. Nessa carta, as entidades confirmam o fortalecimento da Telebrás como uma ação importante do governo para a democratização do serviço de banda larga e afirmam que o serviço de banda larga deve ser garantido como serviço público, e as taxas cobradas devem ser limitadas, pois só assim o acesso poderá ser garantido a todos.
A discussão na teoria é válida, mas na prática o andamento do plano do governo é lento, por isso, institutos organizaram um movimento no Twitter no dia 21 de junho de 2011 para chamar a atenção e pedir transparência no debate, o qual parece não dar sinais de evolução aos 21% da população brasileira que tem acesso à banda larga, concentrados em sua maioria nas regiões sul e sudeste.
O “tuitaço” foi coordenado por entidades como Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), Intervozes e Coletivo Digital, para protestar por mais transparência no processo e colocar-se contra a condução das negociações envolvendo o governo e as operadoras, já que muitas empresas de telefonia podem estar sendo favorecidas com esse projeto. A campanha “Banda larga é um direito seu” chegou aos trending topics do Twitter, no Brasil, com mais de três mil postagens com a hashtag #MinhaInternetcaiu, na terça-feira, dia 21 de junho.
A mobilização nas mídias sociais pode ter feito sucesso porque a grande maioria das pessoas que usam o Twitter e o Facebook tem acesso à banda larga, mas a discussão deveria atingir também as pessoas que há pouco tempo não tinham ao menos energia elétrica e, para isso, o governo e a Telebrás precisam, além de tornar a banda larga acessível, deixá-la barata, para que a maioria da população do Brasil possa fazer parte das discussões online e ter acesso à cultura e informação.