Brasil cresce em Cannes


Larissa Tomazini


Na edição deste ano do Festival de Cannes, realizada em maio, o Brasil foi representado na segunda categoria mais importante do evento, “Un Certain Regard”, com o filme “Trabalhar em Casa”, de Juliana Rojas e Marco Dutra. Outro filme brasileiro, “Duelo Antes da Noite”, de Alice Furtado, concorreu ao prêmio da seção “Cinéfondation”, que reúne trabalhos de estudantes de cinema de todo o mundo. Além disso, os filmes brasileiros ”O abismo prateado”, de Karim Ainouz, e o curta metragem ”Permanências”, de Ricardo Alves Júnior, também marcaram presença.

O festival acontece desde 1946, mas o Brasil só começou a participar em 1962, com o filme “O Pagador de Promessas”, o único brasileiro até hoje que conquistou uma Palma de Ouro (premiação concedida a filmes da mostra competitiva principal de Cannes). Outras premiações entraram para o hall de conquistas do Brasil: em 1986, Fernanda Torres levou o prêmio de melhor a, com o filme de Arnaldo Jabor “Eu sei que vou te amar”, e Sandra Corveloni ganhou o mesmo prêmio em 2008, com o filme “Linha de passe”.

O cinema nacional vive uma nova fase. A produção brasileira está ocupando o mercado de forma sólida e contínua, apontando um rumo de crescimento.  Esse fenômeno pode ser encarado como uma conseqüência do compromisso dos produtores brasileiros e das distribuidoras, da existência de uma política cultural que incentiva o cinema nacional e da parceria entre o próprio governo e as empresas privadas.

Dados divulgados pela Ancine (Agência Nacional do Cinema) evidenciam que existe um crescimento significativo do público e da renda das salas de exibição. Em relação a 2008, o público de filmes brasileiros em 2009 aumentou 76%. Segundo a edição 34 do Boletim Ancine, a participação da produção nacional no público total das salas fechou o ano em 14,28%: foram 16.092.482 espectadores, com uma renda total de R$ 131.936.273,88.

Afinal, o que esses números indicam? Que o cinema nacional desenvolveu sua qualidade técnica, que o setor cinematográfico está cada vez melhor organizado e que os filmes brasileiros, enfim, caíram no gosto popular. Não é à toa que o Festival de Cannes 2011 contou com a participação de quatro filmes brasileiros. Se a organização e a qualidade das produções nacionais continuarem crescendo, a tendência é que o Brasil apareça cada vez mais no panorama mundial, sendo representado por mais filmes em festivais e saindo vencedor em algumas categorias.