As armas da Globo e o desarmamento


Juliana Baptista


Na segunda-feira dia 11 de abril, o Jornal da Globo trouxe uma matéria sobre a possibilidade de um novo plebiscito do desarmamento. Desde o início, o jornal deixa transparecer a sua opinião sobre o assunto: William Waack introduz a matéria com um tom de indignação dizendo que em 2005 um plebiscito já havia sido feito e destaca a falta de necessidade de consultar a população novamente.

O repórter Haroldo Pereira sustenta que o tema do desarmamento voltou em questão por causa do ocorrido na escola do Rio de Janeiro na semana anterior e que os parlamentares estão se aproveitando do momento de comoção nacional para propor o plebiscito novamente. O repórter afirma que os parlamentares a favor do desarmamento estão “tentando achar solução para o problema com a lei” e que tudo isso é uma “alternativa política sem viabilidades práticas para a segurança”.

A matéria, de certa forma, foi equilibrada, já que os dois lados tiveram espaço para se manifestar. Dois políticos foram entrevistados: o deputado estadual Duarte Nogueira (PSDB) e o senador Lindbergh Farias (PT), que possuem opiniões opostas. Os dois aparecem numa sucessão de imagens simulando um debate e mostrando os dois lados da questão.  Isso deu uma primeira impressão de imparcialidade da notícia ao telespectador. Mas o efeito de sentido preponderante foi contra o plebiscito: o debate foi precedido pela visão específica de Waack sobre o assunto; os argumentos de Lindbergh Farias em defesa do desarmamento foram derrubados pelos contra-argumentos de Duarte Nogueira; em síntese, a edição da matéria fez com que o ponto de vista defendido pelo jornal se sobressaísse.

Ao fim da matéria, o repórter analisa as chances do projeto de lei ser aprovado: explica que não basta os parlamentares aprovarem a lei, que a população deve ter o veredito final e o projeto pode continuar a ser “mais uma idéia no papel”. Ao encerrar a matéria com essa afirmação, o telejornal dá a impressão de que o projeto de lei, além de não ser um consenso no Congresso Nacional, tem grande potencial para cair em descrédito.