Cobertura da visita de Obama repercutiu trivialidades


Amanda Pioli Ribeiro


Uma análise dos enquadramentos da cobertura jornalística dos portais Terra e G1 e dos sites dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo sobre a visita de Barack Obama ao Brasil indica que a maioria dos movimentos do presidente norte-americano foram seguidos. Entretanto, o espaço reservado para a questão principal – as relações políticas entre os dois países – foi pequeno, se comparado ao número de notícias sobre as trivialidades e agenda de compromisso de Obama no país.

No G1, das 14 notícias de um espaço especial para o assunto, somente metade foi referente as reuniões com a presidente Dilma, suas declarações e ao discurso político no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Deste, muito do que foi relatado foram suas partes emotivas ou de elogios e brincadeiras.  O resto se referiu à ida ao Cristo Redentor, sobre como a primeira-dama gostou da capoeira, e qual seria o próximo destino de Obama. O enquadramento dessas notícias se assemelhava ao mundo das celebridades, em que relatos sobre “onde foi” e “com que roupa foi” ganharam a atenção.

Na Folha, o padrão foi semelhantes: algumas sobre resoluções políticas, e muitas outras sobre o que Obama achou de conhecer o país. Entretanto, esse jornal buscou fazer mais análises e discussões – estas últimas por meios de audiocasts e enquetes.

No portal Terra, não houve uma sessão especial para o assunto. Notícias relacionadas puderam ser vistas nas editorias de política, moda e esporte.

Nos portais analisados, foi possível perceber que muito da questão política entre Brasil e Estados Unidos perdeu espaço para o conflito da Líbia, a tragédia no Japão e os possíveis problemas nucleares conseqüentes do desastre. As mídias brasileiras estiveram mais preocupadas com a opinião e atitudes de Obama em relação à Líbia e ao Japão, do que em discutir o que sua visita traria ou mudaria para o Brasil.

Mas é importante destacar uma análise feita pelo portal Terra, intitulada “Obama: uma viagem cheia de simbolismo mas sem anúncios concretos”. O texto julgou as conseqüências do fato, assim como o que ficou – ou não – resolvido, a partir de fatos e com pluralidade de fontes.

Outro fator pouco considerado pelos meios foram as repercussões diretas da visita de Obama, como o bloqueio de ruas no Rio de Janeiro, as passeatas que pediram a saída do presidente do país (contra o imperialismo), o esquema de segurança armado e a reação das pessoas com a mudança do local do discurso, passando da Cinelândia para o Teatro Municipal.


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