Poder inova com uso de tecnologias


Larissa Maine

Muitos governos tem percebido o grande potencial das novas tecnologias da comunicação e informação na aproximação com a sociedade.  Exemplos disso são o perfil na rede social Facebook do Governo Monárquico Britânico, o twitter do Governo do Estado de São Paulo, o blog de Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro, e o Blog do Planalto.

A crescente apropriação desses recursos pelos governos aconteceu por vários fatores, como a agilidade da internet na disseminação da informação, seu grande potencial de armazenagem de dados e a possibilidade de comunicação direta com o público sem intermediadores, tais como os veículos de comunicação de massa. Além disso, principalmente no caso dos blogs, a internet oferece a possibilidade de retorno do público através de comentários, críticas e sugestões.

O Blog do Planalto, por exemplo, informa as atividades do presidente Lula e veicula suas entrevistas e campanhas do governo (contra a dengue, devastação do meio ambiente etc). O layout da página é bem simples e limpo. As postagens são organizadas por datas e todas possuem links que levam a outras matérias. Os assuntos mais buscados, a galeria de áudio e de fotos, assim como os links que ligam o blog a outros sites do Planalto ficam todos à direita da página, o que torna a localização dos elementos bem simples. A linguagem utilizada nos textos também é acessível, e no alto da página existe um recurso para se aumentar a letra. Todos esses elementos mostram que o blog, como um todo, foi pensado para atingir vários tipos de público.

Uma característica do blog que chama a atenção é a quantidade de vídeos, áudios e imagens disponibilizadas. Todas as notícias postadas contam com pelo menos um dos três recursos, tornando a visualização da página mais dinâmica. No artigo de 17 de setembro, por exemplo, intitulado “O meu forte é na rua conversando com as pessoas”, foram inseridos um vídeo e um podcast; no de 6 de dezembro, “Quem quiser dinheiro terá que apresentar mais projetos e menos ‘choradeira’”, uma imagem, um vídeo e um podcast, além dos links.

O que deixa a desejar no sítio é um algo recorrente nos domínios de conteúdo político: a falta de abordagem crítica e a tendenciosidade dos textos. As entrevistas e os artigos do Blog do Planalto se ocupam da exaltação do Brasil, do “pulso forte” do presidente no comando do país e das realizações que deram certo. Uma ilustração disso é a fala do presidente colocada no artigo “Entrevista aos correspondentes estrangeiros: ‘Imprensa Internacional é fiel aos fatos’”, do dia 3 de dezembro: “Eu, se for comparar com outros governantes, não existe comparação, e eu quero que a Dilma, quando tomar posse, ela comece a comparar o governo dela com o meu e ela faça muito mais […]”.

Faltam também recursos que possibilitem a manifestação do público no blog. Além de um espaço para o envio de críticas e sugestões e das enquetes disponibilizadas de tempos em tempos, não existe uma área em que o leitor possa deixar comentários ou manifestar questões sobre o conteúdo do blog. O único recurso disponibilizado para avaliar a qualidade da informação são as “estrelinhas” ao final de cada matéria, que o leitor pode preencher de acordo com sua avaliação.

Dessa forma, o conteúdo do blog precisa ser reformulado, de maneira mais crítica e objetiva, assim como incorporar recursos que possibilitem a comunicação de mão dupla entre o Estado e o público, para que o domínio se torne de fato democrático e transparente e sirva realmente ao objetivo a que se propõe, que é informar.


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