Estudo da Unesco busca indicadores de qualidade no jornalismo


Aline Camargo


A preocupação com a qualidade de produtos e serviços jornalísticos avançou para além de redações e esferas administrativas, alcançando a pesquisa científica. Prova disto é um estudo recentemente divulgado, resultado de parceria entre a Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) e a Renoi (Rede Nacional de Observatórios de Imprensa). A relevância do tema instigou os pesquisadores Danilo Rothberg, Josenildo Guerra, Luiz Egypto de Cerqueira e Rogério Christofoletti a buscar concepções sobre a qualidade do jornalismo atualmente no Brasil e no mundo.

O estudo utilizou uma amostra de empresas jornalísticas brasileiras da mídia impressa controlada por grupos privados de grande abrangência e influência. Editores foram entrevistados sobre indicadores e políticas editoriais de qualidade das empresas em que trabalham. A pesquisa cobriu 14 estados nas cinco regiões brasileiras e envolveu também um questionário acerca do que pensam os jornalistas sobre qualidade.

Os indicadores de qualidade abrangem questões como auditoria externa, estratégias e planos organizacionais, políticas editoriais, conselhos de leitores e relação dos meios de comunicação com seus anunciantes.

Os pesquisadores observaram que ações episódicas e pontuais têm sustentado uma busca rudimentar por qualidade, guiada por fontes variadas, como academia, mercado, experiências de sucesso e respostas do público.

A resposta mais presente que se obteve a partir do estudo foi a de que há aspectos a serem melhorados através de um conjunto de processos. No entanto, em comum entre os profissionais ouvidos, percebeu-se o desconhecimento sobre certificações de qualidade para empresas jornalísticas. Já a atuação de meios externos de crítica e análise de mídia, como observatórios, possui 95% de aceitação entre os entrevistados.

Meios internos de regulação como manuais de redação e conselhos de leitores receberam 96% de aceitação. O acesso às tecnologias de informação e comunicação foi apontado por 90% dos entrevistados como essenciais na busca por um jornalismo de qualidade.

Os resultados obtidos permitem estabelecer perspectivas positivas para a auto-regulamentação do mercado, a partir de uma postura transparente que garanta o compromisso com a sociedade e a democracia.


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