Juliana Santos
Com a eleição de Dilma Rousseff, a primeira mulher a chegar a Presidência da República no Brasil, a imagem de gênero que a sociedade constrói tem mudado. A mídia será um dos setores em que essas mudanças devem se refletir de forma mais drástica.
Um dia após a realização do segundo turno das eleições presidenciais, o site Folha.com publicou quatro matérias sobre o assunto, cobrindo a história de outras líderes mundiais que já estiveram ou estão no poder. A cobertura se deu de forma superficial, tendo em vista a importância de um acontecimento tão importante para a democracia, embora sem preconceito ou estereotipagem.
Nas eleições deste ano, as mulheres no poder aumentaram significativamente. Foram oito eleitas para o Senado e 43 na Câmara dos Deputados. Um dado que evidencia o papel fortemente sigficativo que a mulher está atingindo na política brasileira são os 67 milhões de votos que Dilma Rousseff e Marina Silva conquistaram juntas no primeiro turno das eleições.
Atualmente, no mundo existem 17 mulheres no posto de líderes de governo. Nomes como a ex-primeira ministra do Reino Unido, Margareth Thatcher (a primeira mulher a ocupar esse posto) marcaram a história. Thatcher ficou no comando durante 11 anos. Ellen Johnson Sirleaf, na Libéria, e Benazir Bhutto, no Paquistão, também foram mulheres de enorme destaque pelas mudanças realizadas em seus países.
Sempre que está relacionada à política, a mídia associa a mulher a assuntos mais sociais, isso por causa do caráter materno ligado à figura feminina. Pudemos notar vários momentos na imprensa de intenso enfoque na aparência de Dilma. O seu visual, cabelos, aparência e eventuais mudanças de estilo de vestir foram assuntos constantemente explorados. O mesmo aconteceu em vários momentos com a também candidata à Presidência Marina Silva.
Apesar da clara independência que a mulher conquistou em vários setores da sociedade, a mídia ainda trata o gênero no poder como mais frágil e ligando-o a assuntos que normalmente não associaria tanto a líderes homens. As barreiras de independência como profissionais e consumidoras já foram vencidas, basta agora vencer as barreiras de poder no governo. E para isso temos longos quatro anos.