Helena Sylvestre
Juliana Baptista
As inovações tecnológicas tomam a cada dia proporções maiores e se inserem na sociedade de forma avassaladora. O advento das plataformas online possibilita o surgimento de novas ferramentas, mais eficientes em termos de velocidade e manuseio, para a publicação de informações, de caráter jornalístico ou não.
Um exemplo bastante atual da influência exercida pelo meio online é o Twitter, que em 2008 foi utilizado pela campanha política de Barack Obama. O resultado foi bastante positivo, e o microblog acabou ganhando popularidade nos meios políticos. Com mais de 1,2 milhões de seguidores no Twitter, Obama conseguiu alcançar um número de votos mais do que satisfatório, e acabou alavancando o uso da rede social para divulgação de campanha de outros candidatos.
Nas eleições brasileiras de 2010, mais de 400 políticos aderiram à ferramenta virtual. Dentro deste número, encontram-se inclusive os perfis dos principais candidatos à presidência: Marina Silva, Dilma Rousseff e José Serra. O sítio Politweets, autodenominado como “agregador de conteúdo web 2.0 dos políticos do Brasil” disponibiliza como conteúdo o perfil do Twitter de todos os candidatos às eleições do país. O objetivo dos criadores do Politweets é possibilitar aos internautas uma interação mais direta com os políticos, havendo em tese uma troca de informações entre o que a população necessita e o que os candidatos propõem.
Dilma no Twitter
Ao se analisar o perfil de Dilma Rousseff no microblog, percebe-se uma intenção clara de se fazer com que exista uma sensação de proximidade entre Dilma e os seus seguidores. A candidata tem o intuito de mostrar que, apesar de estar no meio político, é acima de tudo um ser humano como qualquer outro.
O perfil utiliza uma linguagem mais informal, estabelecendo o uso da primeira pessoa no singular, fazendo parecer que realmente existe um diálogo entre ela e o internauta. Dilma escreve predominantemente sobre seu cotidiano durante o período das eleições, e também apresenta a sua agenda. Mas raramente comenta propostas de governo.
Com cerca de 224.000 seguidores, Dilma ganhou popularidade online. Ela segue 612 perfis do Twitter, de candidatos e outros relacionados às eleições. Raramente são postados tweets em resposta aos eleitores. Aparentemente, são poucos os momentos em que existe de fato a troca de mensagens entre os internautas e a candidata do PT. Mas nota-se que Dilma deseja passar a impressão de que valoriza a família e as pessoas ao seu redor.
Serra online
O Twitter de José Serra, além de contar com sua agenda de campanha, também possui tweets com caráter pessoal. Ele possui mais de 436 mil seguidores, para os quais relata fatos do seu dia-a-dia, como, por exemplo, extrair um dente, levar sua neta ao museu ou seus problemas com a insônia.
O candidato emprega linguagem informal e relata suas supostas façanhas políticas, destacando como teriam sido importantes para o país. Cita feitos de suas gestões como prefeito da cidade de São Paulo e governador do Estado, conta momentos do exílio durante o regime militar e comenta seu lado religioso.
O perfil de Serra retuíta não só as perguntas dos eleitores em relação às suas propostas de governo, mas também quaisquer citações a ele, independentemente de seu conteúdo (sejam sátiras, críticas ou elogios). São pouco mais de 5 mil seguidores, entre eles candidatos do PSDB e eleitores.
Marina na rede
O twitter de Marina Silva é usado predominantemente como meio de divulgação de sua campanha e apresenta propostas de governo.
Em comparação com Dilma e Serra, Marina é a candidata que tem seu perfil atualizado com maior freqüência. A candidata possui mais de 211.000 seguidores, mas segue apenas 170. Ela responde aos questionamentos do eleitorado com freqüência.
Usos diversos para mesma finalidade
Dilma e Serra possuem perfis de caráter pessoal. Já Marina utiliza o Twitter para a divulgação profissional. Mas é possível supor que todos alcançaram mais popularidade com seu uso. A ferramenta possibilitou aos internautas acompanhar o dia-a-dia das campanhas dos candidatos, saber mais sobre as propostas de cada um e, possivelmente, optar por um deles de forma mais consciente.