Mídia encobre legalização de casamento homoafetivo


Karol Natasha



Em 7 de junho de 2010, os homoafetivos conquistaram um direito há muito desejado, mas via de regra impedido por um conjunto de interesses e ações contrárias às causas, inclusive por parte do poder público, que negligencia a regulamentação dos direitos desta parcela da população brasileira. E a questão é: quantas pessoas deste país inteiro passaram a ter consciência dessa nova conquista? Onde está a mídia para repercutir isto, que por enquanto é um direito restrito apenas para um Estado brasileiro, mas que sinaliza uma nova forma de lidar com a realidade dos homossexuais? Será que os jornais se voltaram apenas para a Copa do Mundo?

O Correio do Estado, maior jornal impresso de Mato Grosso do Sul, noticiou em 8 de junho de 2010: “Justiça de MS facilita casamento gay”. Segundo a pequena nota no sítio do jornal na internet,

Embora os chamados casamentos gays já estejam ocorrendo há algum tempo no País, a partir de agora sua realização em MS será facilitada. Norma publicada ontem pelo Tribunal de Justiça permite que a união estável de casais homoafetivos seja legalizada nos cartórios do Estado, sem que, para isso, seja necessária autorização judicial. A regulamentação é a primeira no Brasil que abrange todas as comarcas do Estado. Com os documentos, os casais poderão comprovar a união para cadastro em bancos, companhias de seguro e na previdência social, para que um seja dependente do outro, por exemplo.

Mesmo esta regulamentação se fazendo presente apenas em um único Estado brasileiro, por sinal um dos mais conservadores do país, a repercussão e o impacto que isto pode acarretar na vida cotidiana de pessoas do mesmo sexo que sonham em se casar e possuir os mesmos direitos de casais heterossexuais não pode ser negligenciado pela mídia.

Um dos valores-notícia tão acalorado nas redações de jornais, além da atualidade, é sua abrangência, não somente no seu entorno, mas da capacidade de repercussão, ou seja, quantas pessoas irão se identificar ou serem “afetadas” com aquela informação. Apesar destes dois sentidos da palavra, parece ser mais cômodo se pautar apenas pelo primeiro, e transferir a responsabilidade da mídia para cada região do país. Contudo, será que homoafetivos de outras localidades do país não gostariam de saber sobre essa conquista? Por que não houve repercussão? Será que não é relevante?

Neste sentido, as redes sociais passam a cobrir o papel das mídias tradicionais em (re) transmitir informações. Quem acompanhou o twitter na primeira semana do mês de junho pôde constatar a importância social na legalização do casamento homoafetivo, mesmo que isso se dê por ora, apenas em Mato Grosso do Sul.

O caso da repercussão desta matéria, retransmitida por twitteiros no ciberespaço, é mais um exemplo da vitalidade social contemporânea, projetada através da cibercultura.

Os jornalistas locais e demais twitteiros que postaram a informação sobre a facilidade da realização do casamento gay em MS encontraram. nas redes sociais, um espaço aberto à troca de informações, divulgação e manifestação pessoal, sem barreiras, sem “censuras”.


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