Bruna Giorgi
Na semana de 1922, marco do Modernismo brasileiro, o jornalismo cultural foi destaque e os assuntos desse período se entrelaçavam com as outras editorias, como a de política. No Brasil, o jornalismo cultural nasceu com a intenção de aprofundar culturas e ganhar leitores. Inicialmente, foi praticado na forma de suplementos literários e, assim que houve a passagem para os suplementos culturais, ocorreu também uma mudança de mentalidade na editoria. Neste sentido, o tema da cultura foi segmentado e construído de outra forma nas páginas dos tablóides ou jornais em formato standard diários. Os maiores jornais brasileiros de hoje, a Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo, passaram a dedicar um espaço exclusivo para a cultura a partir da década de 1980.
Hoje, percebemos que o jornalismo cultural se encontra defasado nas menores empresas. A indústria cultural tomou conta das páginas dos jornais e revistas, exceto em alguns. Os leitores têm interesse pelo tititi dos artistas, das novelas e da vida alheia e se esquecem das manifestações artísticas e culturais próximas. O que se observa, de modo geral, é a banalização dessa seção. É comum a falta de cuidado e seriedade nas questões abordadas, o que torna um caderno recheado de matérias superficiais. A regra é preencher as páginas com colunas sociais, horóscopo, quadrinhos, agenda e programação de televisão e cinema.
Desse modo, os leitores se mantêm em um universo fechado, sem diversidade cultural, conhecedor apenas da agenda diária do seu artista preferido. Na região de Bauru, acontece o mesmo. Apesar de o interior deter riqueza e diversidade cultural, o que vemos nos jornais ou nas emissoras locais são, basicamente, tititis e agendas de eventos. O Jornal da Cidade de Bauru é o de maior tiragem na região mas, por diversos motivos, grande parte do caderno de cultura é importada de agências noticiosas. Falta espaço para articulistas especializados que possam analisar as diferentes questões culturais, e também para reportagens que tratem de modo completo as várias faces de um acontecimento cultural. As principais razões devem ser o enxugamento da redação e a pouca especialização na área. Além disso, os acontecimentos são pautados por assessorias de imprensa.
O Jornal da Cidade faz utilidade pública, mas não é específico em jornalismo cultural. Os critérios de noticiabilidade se esvaíram para o lugar comum: em Bauru, lemos as mesmas fofocas e horóscopo que todo o Brasil lê.