Mais uma batalha da longa guerra entre Globo e Record


Mariane Bovoloni Dias


Matéria do Domingo Espetacular, programa da Rede Record, exibida em 25 de abril de 2010 enfocou o evento denominado “Dia D”, ou “Dia da Decisão”, realizado pela Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) simultaneamente em todo o Brasil, reunindo mais de 8 milhões de fiéis, segundo a Iurd. Na Enseada de Botafogo, no Rio de Janeiro, o número de participantes teria atingido 2 milhões, número alegadamente 50% superior ao das comemorações de Ano Novo em Copacabana. O culto foi definido pela reportagem como “celebração única em nome da fé cristã”.

A matéria denunciou a suposta ação preconceituosa que, segundo a reportagem, o jornal O Globo teria tido na cobertura do evento. Segundo matéria do jornal, o culto foi digno de nota somente porque trouxe caos à cidade. “O evento começou às 15h, mas desde cedo o trânsito deu um nó. O movimento de chegada de fiéis congestionou as principais vias de acesso à Zona Sul, como Praia do Flamengo e túneis Rebouças e Santa Bárbara. Os ônibus que traziam os fiéis estacionaram nas ruas que davam acesso ao evento. A Praia de Botafogo parou, causando reflexos no Centro da cidade. Ônibus lotaram a Avenida Antônio Carlos”.

O contra-ataque da Record veio apoiado sobre entrevistas de um cientista político e de um especialista em direito religioso, ambos confirmando a visão da Igreja. “Percebe-se um direcionamento em função de ser um grupo evangélico e que reúne dois milhões de pessoas num espaço aberto, público, e com todo direito constitucional de fazê-lo”, disse o especialista Gilberto Garcia.

Em mais de nove minutos, a reportagem do Domingo Espetacular criticou O Globo e colocou a Igreja Universal como vítima ataques injustos das Organizações Globo.

“Por que a presença dos evangélicos na rua incomoda tanto a Globo?”, questiona o narrador do programa da Record. “Qual a explicação para tanto preconceito religioso?”.

O episódio significou um novo lance da guerra entre Globo e Record. Mais uma vez, concessões públicas atuaram livremente na manipulação de informações em defesa de interesses privados, aproveitando-se da inexistência de regulação apropriada da radiodifusão pública no Brasil.


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