Como unir humanidades, exatas e jornalismo


Henri Chevalier

O mundo das ciências exatas, das fórmulas, das pesquisas físicas e das engenharias raramente ganha espaço nas discussões públicas referentes à educação, ou mesmo à comunicação. As propostas de transformação social que pretendem alcançar a população são, em sua grande maioria, provindas das humanidades, mais especificamente relacionadas ao cinema e, algumas vezes, à comunicação. Há os que alegam ser conseqüência de um monopólio das áreas de humanas no inconsciente coletivo, enquanto há aqueles que relacionam a ausência de temas de exatas na pauta pública, principalmente no campo jornalístico, com uma falta de iniciativa de comunicação e interação vinda da comunidade acadêmico-científica em direção à sociedade.

O que se vê no campo jornalístico, atualmente, é que ainda não se sabe como exatamente agir em relação às áreas exatas, principalmente no que diz respeito aos termos técnicos e às expressões consolidadas no meio científico. A comunidade acadêmica procura maior divulgação, porém grande parte do jornalismo ainda não sabe exatamente o melhor modo de concretizá-la. Um modo de difundir descobertas científicas, que facilitaria inclusive o encontro de profissionais que pesquisam temas afins, seria importante para conhecimento e reconhecimento popular e bem-vindo para a área que está em pleno desenvolvimento.

A falta de conhecimento e reconhecimento popular traz por conseqüência a falta de profissionais nas áreas exatas, que está preocupando quem especula sobre o desenvolvimento do país. Cada vez menos jovens se interessam pelas ciências duras, grande parte alegando ser de uma mecanicidade que tolhe os pensamentos humanos sobre o mundo em geral. Obviamente, a especialização traz um conhecimento mais aprofundado em uma determinada área. Mas a pressuposição de que se aprofundar em uma área anula a necessidade de conhecimento das outras é no mínimo incoerente.

Como uma matéria jornalística, por exemplo, pode propiciar uma reflexão realmente digna de nota sem se aprofundar no assunto? É preciso entender leis da física, da química e da biologia, que estão presentes em nosso cotidiano sem que paremos para analisar.  E por outro lado, como admitir que política e literatura sejam assuntos apenas para profissionais das humanidades? Inconcebível.

Realizar uma união entre as áreas não é fácil, mas é possível. Um exemplo de concatenação entre as ideias de exatas e humanas é o seriado americano The Big Bang Theory, que une o audiovisual, a comédia, a física e a química de uma maneira que torna agradável acompanhar o desenvolvimento da história e ainda expõe o telespectador a conceitos que dificilmente seriam explicados por outros meios.

Os dois campos precisam dialogar mais para alcançarem, juntos, a atenção popular, pois enquanto estudantes pensarem que assuntos relacionados às ciências exatas são maçantes e direcionados apenas a uma minoria que possui um domínio das competências matemáticas, a comunidade científica dificilmente receberá o destaque que merece. As humanidades devem tratar o tema com mais desenvoltura e mais clareza, desmistificando a ideia de “impossibilidade de compreensão” que circunda os jovens. Assim será possível equilibrar duas áreas que se distanciaram com o tempo, mas tem muitos pontos de contatos e muito a dialogar.


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