Lucas Liboni Gandia
Matéria da Folha Online enfoca a política iraniana de enriquecimento de urânio no contexto da suposta relação amistosa entre os governos iraniano e brasileiro. Segundo o texto, o embaixador do Irã no Brasil, Mohsen Shaterzadeh, deposita grande confiança na atuação do Brasil como mediador das relações entre o país árabe e o restante do Ocidente. “Confiamos no Brasil. Nós acreditamos que as autoridades brasileiras têm conhecimento da situação e posição iranianas”, diz ele. “O Brasil, ao contrário de outros países que reagiram não pensa em colonizar os outros (…)”.
A matéria explora hipertexto e recursos gráficos, oferecendo texto complementar e infográfico animado que explica as etapas do processo de enriquecimento de urânio e suas utilizações, além de indicar o local das instalações das minas, dos reatores e das usinas de enriquecimento do mineral no território iraniano.
Mas a utilização de recursos online não impediu a abordagem de conter certas lacunas que podem ter dificultado a compreensão dos leitores acerca do assunto. Apesar de salientar que o Irã é alvo de freqüentes retaliações promovidas por países ocidentais, o texto não explica os pressupostos ou as conseqüências da mais recente medida anunciada pelo Irã, que planejaria “começar o enriquecimento de urânio a 20%”, nem especifica quais foram as reações internacionais à pretensão iraniana.
O posicionamento do governo brasileiro em relação à questão também não é esclarecido. De acordo com a matéria, na ótica do embaixador iraniano o governo Lula “acredita que o país obedece a leis internacionais em sua tentativa de gerar energia nuclear”. Mas nada se acrescenta sobre as tais leis ou suas respectivas determinações.
Supõe-se que a referência seja o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (assinado em 1970) e ao Tratado para a Proibição Total dos Testes Nucleares (1996). A criação dos acordos remonta ao período da Guerra Fria: as nações envolvidas no conflito deveriam se comprometer a não tentar obter armas nucleares e a desenvolver a tecnologia nuclear somente para a geração de energia e outros fins pacíficos.
A bomba e o apoio popular (clique aqui para ver mais fotos do UOL Álbum)