Ronaldo Sérgio Vasques
Ronaldo Sérgio Vasques atuou na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) até dezembro de 2017 e representou o Departamento de Meio Ambiente através do braço regional do segmento, Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), no Comitê da Bacia Hidrográfica do Alto Tietê. Para ele, a população não possui a informação de que todos têm direito a água, principalmente as classes de baixa renda, consequência da cultura de que só se pode exigir algo quem tem maior poder aquisitivo.
Nos últimos anos, o direito humano à água surge como um tema relevante nos debates sobre os direitos fundamentais e ocorreu até uma proposta do Senado Federal sobre o assunto. Entretanto, a falta de informação poderia ser melhorada, segundo Vasques, com uma maior pró-atividade do comitê em divulgação de quais direitos os indivíduos possuem em relação à água.
Outro ponto abordado foram as mudanças climáticas, que poderiam ser mais comentadas no comitê, com reuniões e assembleias gerais, sobre o que as mudanças podem trazer para os recursos hídricos no estado de São Paulo, principalmente com o plano de bacia hidrográfica, que fortalece o conceito de segurança hídrica e a percepção da necessidade de adaptação às mudanças climáticas, buscando um aumento da resiliência dos sistemas produtores de água e a adequação dos sistemas de drenagem urbana.
A participação da sociedade no comitê precisa ser ampliada, assim como a participação das instituições. Vasques não generaliza, mas ele acredita que entidades optam por não participar por ser um acontecimento voluntário, algo que com uma remuneração poderia ser alterado. “Você pode ser remunerado, mas precisa vir na reunião e fazer seu trabalho, contribuir para o comitê, como um membro deve fazer”, aponta ele, como um fator que poderia aumentar significativamente a participação da sociedade civil, além de uma divulgação ainda mais consistente por parte do comitê, que já possui uma boa propaganda, mas pode melhorar com mídias mais disseminadas.
A ideia pode ser iniciada com uma qualificação dos membros do comitê e dos usuários da água. Segundo Vasques, cursos foram programados para serem apresentados no comitê, para informar determinadas populações sobre a importância da água e do cuidado com seu consumo, entretanto, os cursos não foram executados. Os projetos do comitê, incluindo o de educação ambiental, são idealizados com o auxílio de uma Câmara Técnica específica. Para Vasques, a Câmara poderia focar em estudos necessários para a região metropolitana no aspecto de cultura, consumo e importância da água no estado. “Não vejo uma visão sobre o que podemos fazer para melhorar o conhecimento da população sobre os recursos hídricos”, aponta ele.
Vasques comenta pontos positivos do comitê, como a competência dos membros. Ele ressalta que muitos representantes possuem uma vasta experiência como profissionais de conhecimento técnico e recursos hídricos, como os da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) e do Departamento de Águas e Energia Elétrica (DAEE), que detêm históricos do que ocorre com a água no estado de São Paulo: “é uma troca, da experiência acumulada nas pessoas e daqueles que estão chegando pra conhecer o que está acontecendo”, destaca ele.
Qual o resultado de todo o trabalho? Para Vasques, a funcionalidade do comitê poderia ser mais divulgada com informações sobre os projetos que estão sendo desenvolvidos em relação à questão hídrica, para contribuir e minimizar o impacto de crises, como a de 2015. O conjunto final de todo o trabalho do comitê poderia ser exposto de maneira mais direta e simples, com um resumo de todos os projetos realizados de forma mais transparente para os membros e usuários da água. A busca de resultados nem sempre apresenta a melhor solução das ações; para isso, é preciso observação e estudo antes de realizar novos projetos.
João Pedro Voltarelli